quarta-feira, 10 de junho de 2020

O corte preciso

Ninguém escreveu nossa poesia
Faço eu
Com as palavras vindas da tua boca
Dentes cerrados
Um último arfar antes do sorriso.
Desaba em mim
Escombro cármico
Ruína de desejo e suor.

Não vês meus olhos que os fecho
Enquanto a luz acende em tuas mão
Me tremo
Ainda te sentindo como em minhas entranhas
Estranho amanhecer
Teu colo em meu colo apoiado
Te levo comigo
O dia insistiu em nascer no teto
Tu roubas meus versos
Me tens anotado...

Meu chão em teu caminho
Te observa atenta a poeira,
Te seguimos
Como se fosse ontem a noite eterna
Adagas nas mãos ao me dizer adeus
Morreu em mim o passado
Jamais sairia vivo da tua presença.