segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Desonesta

Uiva o lobo dentro de mim:
O eterno sentinela da escuridão soturna,
A quem o silêncio prendeu numa lacuna,
Que a vida insiste em preencher com fim.
Eu descubro o véu e vejo tudo:
Dorme no berço um amor embrionário,
De quem a sorte tornou retardatário,
Na corrida contra os medos noturnos.
Eu estou lá, atrás do espelho:
Enxergando nas lágrimas de teus olhos verdes,
Uma tácita alma que clama às paredes,
Para as lágrimas não deixarem teus olhos vermelhos...
No espólio do amor vivido,
Transparece a mulher que a vida te moldou:
Furtando-te a juventude, tudo o que restou,
Foi a esperança, teu primeiro e único marido!
Vive e chora, agora, tão tardiamente,
Por não ter vivido antes o planejado,
A história se fez sem castelo ou príncipe encantado,
Foi apenas humana, desonestamente.
E não sou eu o algoz dessa dívida funesta,
Que se mostra humanamente desonesta,
E rir-se no escárnio de uma pergunta indigesta,
Deveras racional pra cabeça de um poeta!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Lá vem

Lá vem,
Ela, aquele sonho que tive,
 finalmente realizado,
A dor enfim se esvai numa nuvem boba,
Eu posso sorrir e cantar de novo,
Porque sei que a tristeza é passado.
Lá vem,
Ela, um retrato de paisagem,
Uma lua que se esconde atrás de um monte,
A criança com fome,
Finalmente alimentada,
E essa criança fui eu com fome de amor.
Lá vem,
Ela, com seus passos de pés pequenos,
Cabelos longos desembaraçados,
Eu a vejo nas sombras do passado,
E na luz de um futuro próximo,

Ao meu lado, finalmente.

Eu te amo sem saber

Eu te amo sem saber:
Permaneço ignorante,
Até que tu me ames de volta.
Sou fiel e nem sabia:
Nunca traí o amor que não tenho,
Nem trairia se eu o tivesse.
Leviano, brinco com tudo:
Brinco também de ser sério,
E, às vezes, de tudo dou risada.
Canto em boa companhia:
Junto nossas vozes no escuro,
Acredito na melodia do sussurro.
Toco instrumentos também:
Alguns musicais outros não,
Toco saudade e, não gosto do som.
Sou por vezes um garoto:
Amo simplesmente por amar,
E nem preciso que me amem de volta.
Apenas esteja aí, por favor:
Para eu ver-te quando der,

E fechar os olhos pensando em nós.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Não tenho um amor

Não tenho um amor, não tenho ninguém,
Nem a solidão me faz companhia,
É só uma tristeza na minh'alma vazia,
E o tempo, que não me leva daqui...
Quero finalmente encontrar (ou ser encontrado),
Mas até hoje meus dias são só espera,
Um sonho nunca realizado,
E meus olhos sempre vermelhos...
A amargura passeia no meu peito,
Faz seu refúgio nos dias de chuva,
Meu Deus, quanta dor eu carrego!
Quantos sorrisos ainda me serão uma tortura?!