terça-feira, 16 de junho de 2015

Se eu disser que te amo

Se eu disser que te amo,
Saiba de uma coisa:
A língua é falha!
E talvez eu queria ter dito
Que te quero muito
Que suporto teus erros
Que te tenho tesão
E nada mais.

Se eu disser que te odeio
Pode ser uma grande mentira
Não sei se disse o que eu queria
É que eu penso B e falo V
Mesmo que sejam ideias próximas
Mesmo que o som das letras se pareçam
Perdoe!, foi mal uso meu da língua!


Prisão

Prisão-corpo
Prisão-alma
Prisão-tempo
Prisão-pele
Prisão-emprego
Prisão-crediário
Prisão-hétero
Prisão-gay
Prisão-definição
Prisão-fenótipo
Prisão-genótipo
Prisão-seu signo
Prisão-cela
Prisão-dinheiro
Prisão-luxo
Prisão-currículum perfeito
Prisão-diploma
Prisão-pobresa,
Prisão-gosto musical,
Prisão-time do coração,
Prisão-seriados de TV,
Prisão-gosto literário,
Prisão-psicológica,
Prisão-moda,
Prisão-transporte público,
Prisão-hospital precário,
Prisão-educação sem qualidade
Prisão-escuro
Prisão-claro
Prisão-noite
Prisão-dia,
Prisão-faculdade
Prisão-desemprego,
Prisão-orgulhar a família
Prisão-felicidade
Prisão-liberdade
Prisão, para!

Aprisionado às maneiras
E aos costumes; Às regras
Todos buscam liberdade
Dentro do mesmo Universo
E quem é livre demais...Aahh!

Esses nós chamamos de pecadores!
Quem é livre dentro de si?
Livre da prisão
De tentar a todo custo
Ser livre, de verdade?

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Seis Vidas

Seis vidas e um sorriso pavoroso
Rosto de deixar marcas com copos vazios.
Caminha, se vai; se voltar...resisto!
Chegou: "- Tem um cigarro?"
Que pergunta! Não...respondi.
Então quer um? Tenho dois...
A noite seria longa demais e fria
História de diversão de segundas
Sempre as piores e mais divertidas.
Saímos sob os olhares de suspeita
Aquele céu havia sido pintado de nuvens há pouco
Quando voltei a vê-lo, que loucura!
Estava salpicado de estrelas, como em Carolina.
A rua nos chamava com bafo de aguardente.
Então o mundo girava e eu sentia,
Como uma aversão aos acidentes domésticos,
Precaução, cautela e passos lentos
Má combinação pra quem sai tão pouco.
Eu estava tão bonito, nem parecia com meu pai
E a maldita entradinha na parte esqueda da testa
Quase calvo como o velho...Eu reluzia feito ouro
Ela não notava nada em mim. Estava enternecida, porém,
Com um olhar mal criado num scarpin marrom escuro
Pernas fortes, rosto fino. Veloz e inteligente na língua
Seduziria até uma rocha, se o quisesse fazer...
Tudo era anormal naquela noite
Estavamos imensos, solas de sapato gastas
Quilômetros rodados a pé
Não disse uma palavra por infinitos minutos
Nem ela...Nada fora dito.
Até os lábios se curvarem em direção ao outro.
Ouvimos um sussurro. Nada mais.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Nenhum verso

Nenhum verso, nenhuma palavra, nenhuma sílaba
Nada, nesse Universo de perdições, de mágoas vívidas
Não resta em mim uma gota do orvalhado afã
Que motivaram meus dias de ontem, para o amanhã.

Não restaria em mim em vida uma Orquídea,
Uma Bromélia ou um Lírio vermelho em meu jardim de traumas
Que a cor aos meus olhos enfim devolveria
E viver fosse de novo uma noite alva.

As castas flores e as brancas revoltas vagas
Dos perfumes e frescores já esquecidas
Em meus olhos quando pousam no pensamento, enternecidas
Aquecem-me o peito com lembranças parcas.

E agora, com esperança de sorrisos, já despetalada
Chora a rosa em seus funestos dias
A recontar histórias de seus amores
Para quem delas foi protagonista.










Aquela mulher que não existe

Todas as belezas estão nela:
No jeito de amar o ócio,
E tocar violão desafinado.
Sua enigmática falta de tato
Para as coisas pouco práticas fascina.
Suas caretas são horrendas,
Sua organização inexistente
Suas roupas são uma mistura
De roupas imensas com outras que nem lhe cabem
E o sorriso ranzinza...!
Amo-a!Amo-a! Amo-a!
Pena que eu nunca a tenha conhecido...