domingo, 30 de novembro de 2014

Pensamentos de perdição

São parcas as horas e são tremulas
Como se tivessem o corpo inteiro
Tomado por uma abstinência de cafeína.
Toma um cigarro nos dedos,
E somos arrastados
Pelas semanas que se encerram
Ao final de milhões de anos...
O tempo, afinal,
Nunca foi aliado de ser vivente:
Quem trabalha quer o dia curto
Quem explora quer o dia longo
E para contrabalançar interesses
Morremos antes de termos tempo
Para ter tempo de sermos felizes.

Hão de dizer que os Nepaleses são felizes.
Ora! Muitos são monges, e o que sabem os monges
Sobre as cidades grandes desoladas?
As esquinas estão cheias de ódio
Os corpos cheios de nitratos
De nitritos, de sulfitos, de outras
Substâncias a nos abreviar a vida
E o ar não é puro como no Himalaia.
E o tempo dos monges não é como o meu.
Sou curto na vida, tornando-me passado
A cada segundo que me sorve a pouca
Vida que ainda me resta.
Prefiro saber da vida agitada
Medito sobre mim, sobre o viver e o amar
Enquanto repouso meu corpo irrequieto
Sobre um sofá ou uma cama
Com todo o conforto odiado
por quem tem paz de espírito.

(Talvez seja só ritalina
Ou qualquer outra ina permitida
Dessas que tentam nos roubar 
O sono e nos tornar máquinas melhores
Pois é o que somos,máquinas
Só maquinas, nada mais...)

Lembro-me dos meus amigos com frequência.
Eles costumavam fazer planos para o futuro
Eu costumava tentar mudar o passado.
Briguei com o tempo a vida inteira
Pois nunca achei justo perder a vitalidade
A força construtora, todo o poderio físico
Assim que eu começasse a adquirir
Poder mental, conhecimento sobre as coisas.
Sabedoria custa tempo, esforço mental e físico 
E nem sempre tem-se tempo de adquiri-la.
Meus amigos sabiam das coisas.
Conseguiram ficar ricos ainda jovens
Acumularam finanças e problemas
Deixaram para resolver os problemas
Quando não tivessem mais tanto dinheiro
E foram um pouco felizes por alguns instantes.
Talvez. Talvez por que deles quem sabe são eles
Eu sei de mim e não tenho renda.
Passei a juventude lendo e, agora,
Passo a maturidade escrevendo.
Talvez eu ganhe uma medalha por isso,
Ou um escrito nalgum lugar
Por ter sido mais um daqueles que ousaram
Gastar tempo a escrever com lápis e esqueceu
Que o mundo se escreve melhor com papel moeda.


Estava vermelho o céu, já era fim de dia
No meio de minha distração normal, percebi
Quão bela é a simplicidade do que encontramos na terra...
Andei tão pouco que mal passei do pé da estrada
Estive entretido, desde cedo, com ninharias
Mesquinharias que colecionei ou coleciono
Amores de infortúnios e bugigangas.
Por estrada eu entendo os lugares pelos quais andei
E as relações que tive com as pessoais desses lugares
Não consigo desconectar tempo, pessoas e locais
Acho que tudo é um pouco do mesmo.
Por cascabulhar demais a felicidade nos outros
Percebi que ninguém permanece o mesmo
Depois que divide, minimamente, uma vida com outrem
Mas isso não é só a experiência que o faz
A força bruta da tentativa de achar o que não existe
A extração de dentro do peito alheio
Seja do quê for, é uma mudança.
Sou um vasculhador de corações
Imiscuindo-me algumas vezes onde não poderia.

Ich bin dann und wann zu arrogant und ich verdiene
Die Liebe einer schönen Frau nicht haben.
Ich bin aber keinen Lügner, sondern einer Dumme Mann
Und fürs Leben, das ist schon genug.

Isso é caminhar. Procurar nos meandros
Aqui e ali um jeito melhor de lidar com algo,
São as pessoas que me motivam a continuar a minha procura
Se houver algo mais simples que a natureza
E como ela pode nos tornar melhores
(Falo da natureza humana, acreditando
Que ela possa algumas vezes ser boa, sem engodo)
Desconfiarei, pois tenho em mim as respostas
E nos outros, as melhores perguntas
Que devem ser feitas para encontrar a felicidade
Por mais estúpida que ela nos pareça.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Poesia às estrelas

Abraça-me! São estrelas
Cintilantes no céu, nos saúdam
Vêm-nos como pontos, sim pontos!
Correndo pela pequinês do nosso planeta...

O céu não se cala e não espera a noite
Mesmo atrás das chuvas a noite é bela
E algumas vezes, quando temos sorte
A lua sai por detrás do cinza
Banha-nos com a sua grandeza e seu brilho
Mostra-nos uma minúscula parcela do Universo
E parece que acabou de sair do banho
Como se a simplicidade fosse
Nada mais que um banho e uma visita
Àqueles que nos admiram e nos guardam.

Saúde-a de volta, vai! Mostre-a
Que temos um universo inteiro em nós
E que ele manda um olá, mesmo que tímido!

Sento-me à janela às vezes,
A observar a rua...
Transeuntes, vidas seguindo e sendo seguidas
E nós nos parecemos tão grandiosos e importantes
Menos para as estrelas que habitam os céus
De tão longe não se enxerga
Que não somos um grão de areia perdido no espaço
Vemo-las imensas, mas elas não nos vêm
Posto que somos ínfimas lembranças
De um passado distante e nada mais.

E quando olho o céu e é dia
Penso que as estrelas são brincalhonas
Gostam de esconderem-se durante o dia
São como as raposas e as onças
Caçadoras noturnas
As primeiras de alimento, a última de admiradores.
Vaidosas xingam, quando chove em mim
Posto que amo as chuvas e esqueço o céu
Tenho nas chuvas uma companheira de serenidade
Acalma-me o seu gotilhar pelo telhado
E sei quando está e quando já foi embora...
Assim, sou um a menos a ansiar pela visita
Do resplandecente brilho pontilhado
De Sirius, Alcione e Betelgeuse
Fazendo o fundo azul escuro tornar-se
Pano de fundo para mil sonhos e suspiros.

Às estrelas distantes,
O centro do universo ainda está fora dos homens,
Graças à Deus!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Enfim amor meu

Engano ao invés de flores
Palavras roubadas, furta-cores
Mel meu, desejo inventado
Seu colo despido, um céu azulado
Assim que me fantasiei teu principe
Perdi o meu castelo encantado
Longe de mim, sorriso frouxo
Felicidade sim, mora ao lado
Mas eu nasci para ser deserto
Ter o coração desabitado
Ser ninguém nesse mundo de doidos
Ter os pés no mar lavado
Por quê beijo as nuvens em meus sonhos
Por lembrar de nós e ter calado
O peito que queria dizer-te amores
Para ver findas enfim minhas dores.

domingo, 23 de novembro de 2014

Um sentir

O que sinto sem engano
É compaixão aos desvairados
Também eu sou um fulano
De pensamentos descaminhados.
Mas talvez o ser humano
Não seja assim tão consciente
O quê vi de gente louca
Não cabe nas linhas correntes
É preciso olhar ao longe
E ser também descabido
Para viver num mundo onde
Amar ao próximo é proibido.

Colheita

Planejei não plantar amor
Vou viver de plantar flores
Se pouco houver de se colher
Ao menos não colho mais dissabores.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Simplicidade

Toma minhas mãos e leva-me
Para sentar à beira-rio ou
Ao pé dalguma montanha.
Contemplo a natureza com carinho
E tenho ótimas razões para acreditar
Que dentro das cores da natureza
Há algo primordial à nós
Algo que nem ouro e nem petróleo conhecem
Algo que só quem mora à margem
Das grandes cidades e dos rios e dos mares entendem e
Desconfio, que seja a simplicidade
Que habita no coração humano.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quatro por quatro

São plácidas as horas
Que beijo em silêncio
Enquanto a espero.
Maturando sonhos
A vejo onde não estás
E a sinto na alma
Como um sopro divino
A essência minha, branda
O amor que vi crescer.
Não demores!
O café esfria rápido
Nessa manhã primaveiril
E quem esquenta a cama
Tão farta de desejo
É a sua falta
Preenchendo todo o espaço
E torna-me vassalo
E liberta-me dos medos
Aos quais a solidão nos traga
Sorria, sorrio, seremos
Reis e rainhas de nada
Viveremos num castelo imenso
De quatro por quatro
Cheio de amor.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tristeza

Tristeza é um abraço não dado
É um não que vem antes de algo bom
É uma sensação de incompletude
Tristeza é todo poema de amor.

Tristeza é a companheira mais fiel
É o cão que guarda o túmulo
É algo que vai e que não fica
É o desamor de mãe ou filha.

Tristeza é ser triste dos olhos
E enxergar beleza mesmo assim
É a conta de luz, do gás, da água
É a pétala da rosa que cai, de velha...

Tristeza é meu nome, e sou sim triste
Um sorriso que não se redime e nem se espalha
Uma aspereza que não se trata
A doença mais cruel que dói e não mata.

Nada é senão tristeza plena
Diluída em sorrisos ou atenuações
Tudo passa, tristeza não,
Sou seu marido, ela é-me nada.

Lindo Lirio

Meu exercício predileto
É olhar o céu noturno frente à minha casa.
Estrelinhas, pontos brilhantes,
Vejo a lua, vejo os planetas...
Um universo inteiro que gira sobre nós.
Minha mente e meus pensamentos
Vão à tua casa buscar-te
E todos os dias sento-me ao teu lado
Num imaginário fugaz que me acalma.
Lírio, é o Universo beijando os jardins!
Lá de cima, iluminando a relva
O Sol clareia a tua pela alva
Faz-te meu Lírio, branca feio estrelas
E saber que tu cresces nesses jardins
Que estão nessas terras por onde ando...
Ah, Como amo a vida!
Lassos laços que nos apertam
De quando em quando compartilhamos
Momentos, histórias, sorrisos e o ar
Mas é a brisa da noite que me faz senti-la,
Quando minhas rosas pendem ao teu jardim
E deixo-me ver levado o corpo da flor
Leve, feito pluma, branca feito tua pele,
Macia, feito escuma e branda, feito você.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

À minha maneira

Tão cedo foi
Que o Sol se pôs
E eu mal podia ver
Que a ametista dos teus olhos
Pairava frente a mim
Reconheci em você o amor
A terra parou
Dentro do teu olhar
E me entregar, seria assim
Enfim correr
Em frente ao mar
E mergulhar sob a lua
No amar.

Quero te amar
Pela vida inteira
À minha maneira
Na minha loucura
Vou te fazer
Minha companheira
A musa que me faz sonhar.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Resumo

Como o tempo passa
E as folhas caem no outono
Como a maré que nos banha
E se vai, restando o abandono
Como o céu que escurece
Como uma freira faz prece
Como meu olhar estremece
Quando vejo você
Como molhar-me sub a chuva
Como perder o ônibus das duas
Como findar-me na morte
Como Murph sem sorte
Como um bebê chora de fome
Como sorrir ao dizer teu nome
Como o universo infinito
É a certeza que carrego comigo
De quê tudo na minha  vida
Se resume a você.