segunda-feira, 13 de julho de 2015

Poucas palavras

São poucas as palavras
e o silêncio
Era um eco da alma
grito sufocado, um socorro,
que ricocheteou nas árvores
E bateu no ouvido.

às vezes tudo foi sonho
e ela também era.
Encontrei-me em desencontro
Descaminhos, fora de mim
a rua olhava-me e me via
eu não... estive cego por muito tempo.

Voz calada nas esquinas
nennhum violão ousou tocar
nos escombros do meu orgulho
reitero que ela não é mais que as horas
e  também há de passar.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Philomena

Philomena, essa prece,
Escuta? É minha voz...
Os lírios já não crescem
Lá fora, o canto cessou.

Silêncio que meu corpo emana
Sem choro, sem lágrimas,
Eu já não vejo a grama verde
Nem as flores coloridas
O que há de tão severo
De tão caótico e tão atroz,
Dentro dos seres humanos?
Philomena, você não ouve...

Não ouve o pranto das ruas?
Não há beleza em ser vil...
Não enxerga as dores que passo
Não vê que da minha boca não saem palavras
Não tenho nada para dar
Nem ao menos posso receber
Estou fechado hermeticamente
Como uma embalagem de super mercado
E não tenho espelhos para achar a tampa.
Philomena...se ao menos tuas mãos me tocassem!

Queria que não fosse assim
Que o Sol voltasse a queimar minha fronte
Mas esse inverno não me abandona
Parece o odor de um Gambá moral...
E é tão frio estar sozinho
E tão triste não ver as estrelas em seus braços...
Onde estamos, meu doce amor?

Não há seu nome nas esquinas
Não há suas lembranças na memória
Os pássaros são os mesmos, porém calados,
Sem carcarás nas árvores da frente
Sem manhães bucólicas no centro da cidade
Sem xote e sem baião pra nós.
Só um gosto amargo na gargante
Uma vontade de gritar que não cessa
Um ódio tremendo de ter vindo sozinho
Até onde meus sonhos me trouxeram
E seus pés não puderam alcançar.
Philomena? Philomena? Ouça meu recado...

domingo, 5 de julho de 2015

Acubens, Altarf, Arsellus

Tambú que vem de Minas, pele clara
A carne negra como a raiz, retinta-rubra
Se bate forte no Tambú grita alto
E o teu canto dá prazer a quem te escuta.

Tambú-mulher de força bruta
Vinte primaveras sobre essa terra
E sob esse céu de ebúrneo encanto.
Padouk e Ébano verdejam em seus traços
Bocas, olhos, mãos e língua Banto
E o Sol se pondo nas pontas dos seus cachos.

Teu Sol poente invade a minha noite
Olho acima das nuvens, vejo
Acubens, Altarf e Arsellus
Derreto,enfim,
Nas lembranças dos seus beijos.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Boca do tempo

A boca do tempo
E suas dezenas de dentes
Mordem-me, mastigam
Meu frágil corpo,
De ir e vir atrasado,
Meus planos,
Minuciosamente projetados,
Me dilacera com os seus caninos.

De uma vez me engole segunda
E me cospe numa sexta
Já completamente digerido
Pelo mundo que me moldou sem relógio
Pelo ócio que me domina.






Todos os cantos

E todos os cantos
Foram ouvidos de repente:
-Au Revoir! Auf Widersehen! Adeus!
Gritava toda gente.
E, assim, libertos da carne,
Um alívio sentiram,
Não os que aqui ficaram,
Mas os que daqui partiram.

Entranhas

Derrubo minhas entranhas
Sobre esses móveis sujos
Tentando dar razões ao meu gozo
Nas mesquinharias diárias.
Tiro de mim tudo o que me faz vivente:
Sentimentos tolos, sonhos, pâncreas....
E na bagunça do meu avesso
Não acho uma lágrima decente para me vestir
Saio sem meu choro, usando sorrisos
E, olhando atentamente aomeu redor,
Procuro um outro alguém que sofra também.

Passarinhos

De manhãzinha,
Após espreguiçar-me,
Canto com os passarinhos
Agradeço-os pelo bom dia
E,dentro de mim, bem no meu interior,
Também eu tenho asas.