segunda-feira, 26 de março de 2012

A espera

Passam-se as moças, o tempo e as vagas,
Passam cavalos, cavaleiros...e nada,
Passaram burgueses, condes, duquesas,
Passaram-se anos e a vida na mesma,
Passa o agora, o ontem passou,
Passará o amanhã, ainda nada mudou,
Passam passarinhos, pavões e pagãos,
Passam caçadores, a caça e o cão,
Passa a senhora, e eu à espera,
Passa a história, os anos e eras,
Passaram todos por essa esquina,
Pássaros tolos gorjeiam acima...,
Passou o frio e ela não chegou,
Passou o inverno e veio o calor,
Passaram Romanos, Incas e Maias,
Passaram Deuses, Livros e cartas,
Passou Assis, Gonçalves e Azevedo,
Passando por mim, a idade causa medo,
Passam as lembranças agitando a cabeça,
Passam meus sonhos e pela minha princesa,
Passo as horas em frente à porta à espera,
Quando ela passa eu penso: Ai está ela!




Inabalável

Inabalável é ouvir opiniões controversas e refletir,
É ter o controle de todas as situações,
É saber que não há verdade a priori,
Mesmo que seu ponto de vista pareça bem razoável...
É ser soberano nas pequenas coisas,
Em plena quietude ou pressão,
É reconhecer um erro e corrigí-lo,
Mesmo que custe o seu orgulho ou supremacia,
É ser ao invés de ter, ou parecer...
    É enfrentar os desafios sem se importar com o tamanho deles,
    É nivelar-se ao mais humilde,
    É duelar de igual para igual com os mais fortes,
    É reconhecer-se como um ser capaz,
    Mesmo que o corpo não obedeça aos pensamentos...
    É utilizar a razão e,antes de tudo,
    Não perder o rumo e nem os sonhos.

sábado, 24 de março de 2012

Deutschland

Nos campos e bosques que cortam o caminho,
Que seguem sozinhos rumo à imensidão,
As cores são tantas...voam os passarinhos,
Cobrindo os ninhos com pólen e grãos.

Caídas as folhas, no chão de barro, gramado,
Desvelam o silêncio das árvores com o vento,
Que passa fluido, junto com o gado,
Que alegre se vai, passado o inverno.

Do topo aos pés das montanhas se esgueiram,
Riachos e córregos, de pedra em pedra,
Cantando e grunhindo, abrindo a selva,
Enquanto em seu leito os alces passeiam.

São sonhos, memórias que surgem com a  paisagem,
E a vontade de retornar pra onde nunca se esteve,
Se hoje o ar daquela terra só induz a verdade,
É por lá que descanso em sonhos, deitado no verde.

Sob as copas das frondosas senhoras, os galhos,
Sob os galhos, a trilha e a história,
Quem passa por lá respira-a e sente seu afago,
Como quem descansa na rede pra matar as horas.

Já não haverá frutos pra pesar nas pontas,
E coberto com orgânico espesso está o chão,
Aguardo o embarque pro meu faz-de-contas,
Pra rever a Primavera de outra encarnação...

Na terra que me desperta os melhores desejos,
E tem na sua história tanto sangue nas alcovas,
Vou procurar lá distante, os meus lírios e beijos,
Pra acalmar finalmente o meu coração.






quarta-feira, 21 de março de 2012

Dizei

Dizei, por quê as palavras são,
Antes da escrita, um mundo,
Orbitando a razão.

Quem cala, perde pra sempre,
O tempo que nunca passa,
E nem sai de dentro da gente.

O fazer é arriscar-se,
Desbravar o desconhecido,
Pois se fácil fosse jogar-se,
Baixo seria o abismo.

Hesitar é interrogação,
Quem hesita nunca sabe,
O resultado da ação.

PASSARELA*


Grande Passarela iluminada
Diante de mim, um espelho
Que me mostrava a profundidade
Como se me mostrasse o futuro.

No começo era um, uma, outro e outra.
Depois, uma confusão de pessoas
Uma sobreposição de imagens, figuras e sombras.

Pessoas que passaram uníssonas
Outras em filas
Pessoas que entravam na passarela e ficavam
Outras que construíam linhas e diagonais

Eram diferentes corpos
Era um diferente lugar a cada momento.

O espelho? Uma janela
Que mostrava o passar do tempo
E suas transformações

No começo: silêncio, murmúrios
No meio: barulho
No fim: qual fim? Existe um fim?

E eu lá sentada, me vendo também.
Meus gestos, meus apoios, minhas vontades.
Os gestos dos outros, os estímulos.
E eu, não mudava? Mudava.

Mudava e via um pilar
Mudava e via mais um pilar
Mudava e mais outro pilar

Uma pessoa se olhou no espelho
Duas pessoas me olharam
Uma pessoa me cumprimentou
Três passaram sem nem me notar
Uma se aproximou
Quatro se afastaram

E assim me aproximei do espelho
Vi meu banco, agora vazio
E então me vi partindo...


Luísa Righeto**
16/03/2012


*Poesia de uma poetisa maravilhosa que conheci o trabalho e achei muito espontâneo. Apesar da nossa amizade, acho que a homenagem é válida. Parabéns, Luisa, adoro o jeito que você escreve! Lindas palavras...


** ESSA POESIA É INSPIRAÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA QUE TIVE EM UMA AULA DE DANÇA DA FACULDADE EM QUE O TEMA ERA "HABITAÇÃO". (Luisa Righeto)

terça-feira, 20 de março de 2012

Obrigado, mulher!

Essa é pra você que luta, batalha, trabalha,
Sustenta uma casa inteira sozinha,
Que cria seus filhos, educa na marra,
E sente a barra que é o mundo machista.
Que tem dupla jornada e ainda cozinha,
Arruma a casa enquanto faxina,
Que vê um amigo com melhor salário,
E todo o trabalho fica nas suas mãos,
Mas segue em frente com a cabeça erguida,
Que faz o futuro em cada ação,
Que maquia o rosto enquanto faz as unhas,
E chora na frente da televisão,
Que assiste novela e briga com o vilão,
Que carregou a gente por nove meses,
Que se emocionou nos nossos primeiros passos,
Foi nossos pés, e foi nossas mãos,
É leoa, é camaleoa pra gente,
Guerreira valente, uma sábia xamã,
É o carvão que nos faz sempre ir pra frente,
É nossa mãe, nossa é filha, esposa ou irmã,
Que é antes de tudo um ser humano,
Maior que nós mesmos, nosso porto seguro,
Sem a qual seríamos vazios: Obrigado, mulher!







Casarão

Quando minha mãe chamava: menino venha almoçar!,
Já eram quase quatro horas da tarde, a tarde já ia acabar.
Meus pés sempre descalços, com um carrinho nas mãos,
Abraçava-o bem forte, e sorrindo, fazia a oração.
Os tempos eram tão felizes, e meus irmãos à mesa,
Vendo televisão, Eugenio, Pablo, Leon e Aretha,
Minha avó passeava pela sala, e minha tia descansava no quarto,
Nem sempre tínhamos fartura, mas sempre estávamos juntos,
"Dia de muito, véspera de nada", dizia Dona Leonorzinha,
Meus olhos se lembram dela, andando pela cozinha,
Não tínhamos casa, era a casa da vovó,
Mas tínhamos uns aos outros e bastava, era só,
As visitas, amigos da mamãe, sorrindo, conversando alto,
Pareciam uma multidão, como se a casa estivesse lotada,
O tempo todo convivi com isso, e hoje só tenho saudades,
Dos aniversários tão contentes, da minha mocidade,
Agora longe olhando pra trás, eu vejo o que mudou,
Sinto falta da praia, do cheirinho da casa e das rosas do jardim,
Do coqueiro alto, de cocos amarelos, do futebol na rua,
O tempo passa tão depressa...como uma torrente de chuva,
Num instante éramos quatro, depois, cinco, seis, sete,
Depois, por infortúnio, passamos pra seis de novo,
E assim cresci sem perceber, mudando de escola, de casa, de endereço,
Mudando de aparência, tornando-me adulto,
Mamãe se foi, se foi meu pai, que saudades! Não lembro mais,
Se não fosse pelas fotos, a mende fraca não recordaria,
O rosto daquela senhora, que me carregou no colo um dia,
E aquele homem que me ensinou a chutar, antes de eu saber andar,
Raízes me ensinou a valorizar e a minha origem nunca esquecer,
Minha avó não anda mais pela casa, descansa em paz, finalmente,
Minha tia continua lá ranzinza, sempre cuidando da gente,
E em pé está o casarão, que me viu crescer,
Pra onde quero voltar correndo, a cada anoitecer...





sexta-feira, 16 de março de 2012

Ninguém vai saber

Ninguém vai saber, quando ao cair da noite,
Eu me fechar em mim procurando você,
Enquanto meu pranto lava meu rosto negro,
E minhas mãos carentes, com todo zelo,
Guardarem o mais quente e forte abraço,
Moldado sob sua escápula nua...

Ninguém vai saber, quando a noite estiver linda,
E meus olhos não encontrarem o seu ao redor,
O quanto de mim esvairá pela esquina,
Só as estrelas testemunharão...
Enquanto pairam no azul do céu, iluminando meus sonhos...

Ninguém vai saber, quando tocar a nossa música,
Estarei contigo, seja quem for minha dama,
E nas noites de frio, sozinho na cama,
Vou ensaiar um "xamego" novo,
Pra esquentar todo o nosso corpo,
Quando de novo com você eu dançar.


Dedicado à "Morena do meu Xote"...






Rosas Vermelhas

                  É difícil ser tudo aquilo que se detesta. Tenho tempo pra mudar e me prendo aos pormenores agonizantes, que prendem a minh'alma nas quinquilharias espalhadas pelo chão. A dor é inevitável, eu sei...mas o sofrimento é opcional. Tudo bem. Pra se ver de longe é bela a paisagem: o beija-flor ao vento; mas só ele sabe a força que faz pra se manter no mesmo lugar, contra a natureza que o desacelera. Esses são tempos confusos e me pergunto se quero estar aqui, com tudo que tenho e que conquistei...são tantas as coisas e responsabilidades...
                  Fiz promessas a Deus e ao mundo. Gastei mais do que pude e me prendi a mais gente do que planejei. Conheci princesas, duquesas, bailarinas e fadas. Todas, algumas vezes, no mesmo corpo, da mesma mulher. Fui galante, um Bardo medieval, com minhas canções e poemas, saracoteando entre pernas, belos vestidos e um sonho; Fui um cancioneiro, com melodias tão envolvente que até pensei que a letra fosse de verdade.Enganei...e enganei a mim mesmo por vezes.  
                 Estive naquela esquina esperando a vida passar. Ela passou de carro e me trouxe, através de caminhos seguros que eu mesmo moldei com o tempo e muito esforço. Fui perseverante a vida inteira e agora simplesmente não sei mais o que quero e se quero algo, ainda. 
                 Elas, foram e vieram, como as brumas das manhãs, cinzentas, nostálgicas mas verdadeiras e sempre presentes. Tive sorte. Mas não posso com tanto que tenho pra oferecer e tão pouco que posso dar. Não há zeros na função g(t,d) = tempo + distância. Não consigo esperar, quero aqui e agora. Sem esperar com maturidade que tudo se desenrole com o tempo. Meu tempo é hoje, não amanhã. Eu vivo o momento, como um mosquito que sabe que só tem 86400 segundos pra fazer algo relevante. Eu sou intenso. Sou o presente e tenho medo de tudo que não posso tocar. 
                 Quero que ela viva "cada vão momento" com minhas lembranças. Quero que Ela viva o hoje comigo sem empecilhos, num caminho de rosas que faço metro por metro, a cada dia, em cada pensamento que tenho. Mas a vida é tão cruel que me deu ela pra cuidar, e Ela pra sonhar. Sou muito paciente, mas já estou explodindo. Não sei viver sozinho e sou muito volúvel. Sinto-me como um litro d'água a mercê do que me contenha. Só quero que Ela me permita tomar a forma daquele corpo lindo, que eu adoro.
                   Enquanto conquisto o mundo com minhas mãos, de dedos médios e magros, sinto o vento mudar e parece que vai ter um temporal na minha vida. Outrossim, por hora, continuo o mesmo chato de sempre, ouvindo 2pac, Emicida, Alceu, Djavan....enquanto sonho com minhas Vênus transfiguradas por mim em Rosas, Minhas, suas, lindas, ou apenas Rosas Vermelhas...
 

quarta-feira, 14 de março de 2012

Fone de ouvidos

Ontem estive ali, do outro lado,
Parado num canto, pensando sozinho...
Ouvi os tics quando os tacs pararam,
Em um relógio que ia ao longe,
No pulso de um menino...
Esse é o silêncio do nosso agora:
Buzinas, sirenes, anúncios e gritos,
Antes cavalos alvoroçados nas praças,
Hoje, os fones de ouvidos...

terça-feira, 13 de março de 2012

A Estátua de areia

Pés descalços sob a areia branca,
Livre, caminha frente ao mar,
Buscando sentido para a vida,
Se perde para poder se encontrar.
O mar à frente, atrás os prédios
Edificações de concreto e aço
Frente ao azul tudo se torna disperso,
Como uma gota de rio espalhada no mar.
Banha a vaga que sobe e desce
E desce e sobe sem ter pretensão
De levar consigo um grama se quer
Do corpo desse pobre cidadão,
Agora bêbado retorna às areias
Que mais cedo sentiram seus pés
Terá sua vida observada pelos populares
Terá seu corpo molhado ao sabor das marés
Tá lá mais um corpo molhado estendido na areia
No contraste do branco com a sua pele escura
Estão naquele corpo esquelético
As roupas sem pontos ou costura
Às vinte horas de uma noite tranquila
As muitas íris a observá-lo,
Enquanto desmaiado, não sente a brisa
Nem ouve o silêncio lá do calçadão
Não pode ver a luz vermelha que vem de longe,
Bruxuleante em meio à multidão...

Os coturnos alcançam aquela carne mole
Sem nome, classe ou reação
Assustado, o mar e a areia em sua frente
Desperta risadas nos observadores
Mas quem olharia para esse pobre diabo
Se em seu leito de morte lá estivesse?
Sozinho vagueia de volta ao asfalto
Após um banho para lavar a alma
Num mar que testemunhou tudo de perto...


segunda-feira, 12 de março de 2012

Ecoando

Se murmura por trás das marmitas requentadas no asfalto,
Entre as garfadas que sufocam a larica depois de um dia de trabalho,
Ecoando desesperado, respingando o suor gelado,
Toda a angústia de quem se esforça pra um dia ser notado...

Vai além de onde seus olhos enxergam,
Por trás da neblina solta pelos carros que passam com pressa,
Apressados pro trabalho nem olham pra trás,
Ninguém dá valor ao por do Sol, só percebem segundos antes do "aqui jaz",
É nós que bate panela no carnaval e sai nas ruas,
Mas na tv só mostra os ricos e as famosas nuas,
São suas Marias, Brasil, limpando o chão da calçada,
Jogadas aos montes nos morros sem esperança de nada,
Da cartão pra tu gastar, não te ensinaram a trabalhar,
Impossível por numa equação e conseguir igualar isso a 0,
Mistério, por trás do colarinho branco,
Como se pode com analfabetismo no brasil, lucrar tanto um Banco?,
Num pais de Eike, Abílio e Moraes,
Sucateiam a educação, vendem a Petrobrás,
Tão privatizando tudo no estado mais rico,
Não tão enxergando além do próprio umbigo,
Em quantas primaveras o seu dia amanheceu florido?,
De graças a deus se você hoje ainda lembra disso.


quinta-feira, 8 de março de 2012

Mal entendido

É bom que seja desse jeito,
Formamos um par perfeito,
Eu o espinho, você a flor...
Sofremos do mesmo mal,
Um amor mal terminado,
Com paixão residual...
Entreguei-me por tão pouco,
Fui me esvaindo pouco a pouco,
E você nem me deu a mão,
Hoje que eu tô quase curado,
Vem me falar do passado,
Mas o que passou foi ilusão...

Hoje


Hoje, queria acordar de manhã,
Preparar nosso café com paciência,
Ter todo o tempo do mundo pra ver você passar,
Ir e vir do banheiro, perfumada e sorrindo,
Cantarolando alguma canção, saracoteando...
Queria tanta coisa contigo, mas são só pensamentos,
Essa distância é ruim e vicia, acostuma a alma,
Mal acostumada agora, pensa em como seria,
Tê-la ao meu lado é um sonho bom,
E eu tenho vivido de lembranças,
Como no shopping, no cinema, conversando bobeiras,
Vendo o tempo passar e olhando as estrelas,
Imagino-me contigo, olhando em seus olhos,
Vivendo outra vida, que não essa tola e vazia,
De compromissos estúpidos, tão chatos.
Queria sentir seu perfume, como se faz com as rosas,
Pois você é um buquê inteiro delas,
É uma epopeia a ser contada aos poucos,
Um bom vinho a ser degustado frente a lareira,
É aquela que faz brilhar meus olhos, mesmo fechados,
É com quem pretendo estar, pelos próximos segundos,
Chamados por uns tolos de eternidade,
E quem sabe assim durmo sorrindo,
Suspirando ao sabor do vento,
Por aquela que hoje está tão longe...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Devaneios





Espalhados nas Ruas aos montes estão,
Todos os meus pedaço, como se fossem meio fio,
Vejo em cada defeito que vem e vão,
Nos rostos desprovidos de sorriso,
Uma disparidade de sentido nas respostas,
De quando se calam os sábios nas alcovas,
E deixam-nos as migalhas que nem as moscas,
Se arriscariam a enveredar-se em tal desgraça.
É quando menino vira homem, lobo, lobisomem,
Menina vira mulher, as mãos cruzam-se em pares,
Que nada na vida desfaz, como cola que une vidros,
E uma vez perdido no paraíso,
Jamais se encontrarão novamente...
Pra que assim, já que quis o destino,
Varra-se com o tempo toda a sofreguidão.


sábado, 3 de março de 2012

Sem rumo

Estou onde agora?,qual o nome deste estado de espírito?
Perdido, perdendo a esperança,
Sonhando os gritos do silêncio...
Estou ficando maluco...o que mais falta acontecer?

O tempo nos dirá a resposta

Sem olhar pra trás eu larguei tudo,
Deixei família, amigos, um lar,
Mal me despedi; segui meu rumo,
Estava decido a não voltar.

Larguei por lá meu antigo amor,
Não foi tão difícil largar,
Sofri depois, sozinho, toda a dor,
Mas ninguém nunca me ouviu chorar.

Perdi minha mãe, se foi meu pai,
Meu irmão Leon se foi também,
Se foi minha avó; não chorei mais,
Hoje todos juntos, no alto, amém!

Se foi meu título de melhor da turma,
Perdi tanta coisa nesse meio tempo,
Chegaram outras mas, nenhuma,
Calou a mágoa que sentia por dentro.

Tu chegaste como uma manhã de Sol,
Calando a falta e as dúvidas minhas,
Deste-me esperanças; foste meu farol,
Trouxe a luz a uma alma sem vida.

Encantado com tudo que tinhas,
Mergulhei sem medo na ilusão,
Tu eras um sonho; eu andorinha,
E sozinho, não fiz verão.

Pra onde vai a alma, senão pro vazio?
Não existe vida na escuridão...
A distância foi tão grande desafio,
Quanto estar só no vazio com um lampião.

De tanto amar me vi perdido,
Com medo do que vem depois,
Seus sonhos, os meus, planos falidos,
Difíceis de se viver a dois...

Aos poucos nos afastamos naturalmente,
E o tempo é cruel com as frestas,
Eu senti muito, hoje tu sentes,
Mas a amizade não é tudo que nos resta.

Temos a eternidade, lamento agora,
O pouco dedicado quando merecias tudo,
Dei-te tão pouco, mas é chegada a aurora,
Levanta-te, amor, vá ganhar o mundo!

sexta-feira, 2 de março de 2012

À mamãe

Não caíam há tempos do alto de mim,
Vieram em boa hora, não aguentava mais!
Sofrer tão sozinho parecia o fim,
Seus olhos vieram e me deixaram em paz.

Seu toque em meu rosto,
a oração de São Francisco de Assis,
Sonhei esse momento, dormindo e acordado,
A saudade ainda fica, mas hoje feliz,
Serei um grande homem, pois tenho você ao meu lado!

Tenho um amor

Tenho um amor sem dona, sem casa, sem lar,
Que busca um destino, um lugar pra morar.
Tenho uma rosa vermelha, que não sai da minha mão,
Que não vê primavera, vive um eterno verão.
Tenho um lamento guardado, um amor tão sofrido,
Que sofre calado, um abandono, um castigo,
Que vive a lamuriar-se, tenho um amor solitário,
Tenho uma amor tão profundo e só posso guardá-lo...

Tenho um amor imaturo sem incubadora,
Que precisa de um seio, uma progenitora,
Tenho um amor platônico que nunca foi meu,
Que é fluorescente em essência e ilumina o breu,
Tenho um amor inocente, tenho fé nesse amor,
Que era tão colorido e, hoje, é sem cor,
Que vive em meus versos, rimas e prosas,
Que quando entristeço, também ele chora...

Tenho um só amor que mantenho pra sobreviver,
Tive tantos amores, que de amor...vou morrer.