terça-feira, 15 de maio de 2018

Post Mortem

A hora é quase - incerta e nua
No ontem desse dia, a mesma história
Eu e quem fui somos tolos
Não se passou um segundo
Espera e chora.

Tarde,
No pé da noite que sobe no contra-peso do Sol
Distraio o horizonte com meus olhos
Enxergando entre nuvens espessas
Meus pensamentos, taças de vinho,
E pouco arrependimento.
Vagueio na clareira das ondas como a maré
E se há pouco me fui, já já eu volto sem novidades.

(Mamãe, mamãe, se foi tão jovem!
Deixou-me uma garrucha enferrujada
Palavras motivacionais e nenhuma munição.
Disse-me ela, um dia:
"Seja um grande homem."
Mas não mandou que eu me apressasse...)

Colho meus frutos em silêncio monástico
E esparsado, como as sementes que espalhei.
Sou todos os Eus que habitam o meu vazio
E que morrem nas guerras que travo comigo.

Acreditei no amor, morri em segundos
Vi-o tão belo que parecia real.
Hoje conto meus pedaços pelos caminhos
Enfeitando ancestrais Jequitibás
Ipês roxos e jaqueiras
E quando estico os braços, mal alcanço meus traumas.

Morador do mundo, eis minha sentença:
Tua morte é não ser quem tu és.