sábado, 18 de março de 2017

O poeta e a poesia

Por ser janela vazia
Meu corpo transluz feito prisma
Vai deflagrando as cores
Vou relembrando das dores
Amores idos na ventania.

E com tudo que me resta
Pergunto-me
O que é todo o sentimento,
O poeta ou é a poesia?

Vai lá, maltrapilho destino
Desce a ladeira cantando
Olhos vão te acompanhando
A meu mando, seguindo
Um jovem sorrindo
Menino, como meus sonhos

E com tudo que me resta
Pergunto-me
O que é todo sentimento,
O poeta ou é a poesia?

O que é que essa mata ensinou?
Deixa o passado morrer
Em minhas mãos, lânguido e frio
Resta a terra preta e o canto
Há de ainda termos
No belo, o acalanto.

E com tudo que me resta
Pergunto-me
O que é todo o sentimento,
O poeta ou é a poesia?









quinta-feira, 16 de março de 2017

Escamas

Escamas
Pele frígida, ressecada
Meus olhos como a pele
Meu peito sempre em chamas.

Robusteza
Augúrio inevitável -soía
Ser um forte empedrado
Hoje afundo em vileza...

Fractal
Esse tempo dos tempos
No corpo de pele nua
Débil tornou-se meu normal...

Contrito
Sonho com o recomeço
Desfazer meus erros
Num Universo mais bonito.

Por quê fechei
O tempo com minhas mãos
Num ato falho de vingança
Prendi-me em mim
Em cela onde não bate o sol.


terça-feira, 14 de março de 2017

Distinguo

Distinguo
O justo do injusto
O podre do saudável
O adunco do ereto.

Não olho pobres
ou ricos
Nem homem
ou mulher
Vejo a miséria
O asco e a soberba
Vejo a decadência
E o choro dos incrédulos.

domingo, 5 de março de 2017

Flores do quintal

Loucura...abrupta
Insanidade!
Os vivos clamam
Os mortos:
pedem passagem.
No descarrilamento
Os passageiros retornarão
É a verdade submersa
Nessas horas cruas
Nos ternos baratos
Nas flores de quintal.

O mais belo esvai-se
Assaz demente
Doente,
Da miséria do mundo.
Sobra o veludo nas mãos
Esperanças nos vitrais
Orvalho nos varais
E dentro da nossa inocência
Ainda estamos vivos.