terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Teus

Teus - como em outros tempos
Só teus seriam, esses versos
Caducos, manquitolando
Adversos, palavras difusas
Perdidas na neblina de um passado
Que nos acompanha
Como um bom amigo o faria.

Teu - minha alma ecoa,
Meu pensamento mal me pertence
Não sou dono, não tenho posses,
De mim mesmo - sou tragicômico
Indo e vindo de seu corpo
Permanecendo em seu melhor sorriso
E fazendo de ti um débil escudo.

Socorro-te de mim - perdoa-me
Minhas mãos não te alcançaram
E ao meu lado, enquanto a solidão te vestia
A sombra que cobria meus olhos
Ela escondia o melhor de mim
Mas só na penumbra eu era feliz
E só assim eu sou feliz, enfim.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Prece de ateu

Laranja lima em sua boca
Derreti, tornei-me teu
Um furacão a me puxar
Brisa da noite, prece de ateu.

Meu coração clama esse sossego
O amor me roubou de mim
Depois de desfazer-me
Lençol freático sugado
Água clara, Prumirim.

Escuto o teu tormento
Alma vazia na cama feita
O que é passado está a frente
Na morte, a vida é mais perfeita.

Ponho-me enfim sob teu julgo
Caio aos pedaços, desmorono
Teu peito é cova, meu tempo é seu
Em ti descanso o eterno sono....



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Teus olhos

Leio teus olhos fechados:
Não dizem-me nada, teus olhos.
Parecem duas frutas da feira
Enrugadas, quando chega ao fim...
Mas quão belos podem ser
Teus olhos fechados?
Tuas rugas e cicatrizes...
Fendas do asfalto; tua pele
O rosto queimado, marcado
Olhos que tremem querendo se abrir
Flor que desabrocha ao pé da mata
Dos teus cabelos crespos.
Tolice minha! Silêncio na face
Teus olhos calados
Disseram o que eu queria ouvir!