terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Silêncio

Sou o silêncio aos olhos teus
Minha boca ressecada se cala
Com o olhar que tu me desferes.
Molha meu ombro com tuas lágrimas
Já não sou como antes
Sou escravo dos meus sonhos
Sou um herdeiro do egoísmo que viví
Mas que nunca foi meu.
Eu sei que sozinho a vida é difícil
E me vi em teus olhos tão bem acompanhado...
Aonde foi parar o futuro planejado?
Quantos milhões valem os nossos sonhos...
Como eu queria tê;la novamente em  meus braços!
Teus abraços, tua voz que me emudecia,
Minha mãos em tua pele,
Seu corpo sobre o meu, nós juntos, enfim.
O que foi meu ficou em ti,
Talvez esquecido nalguma gaveta
Talvez não tenha guardado tão bem, na verdade,
Porém prefiro acreditar que sai o sol,
De dentro de ti todas as manhãs,
Nesse frio que faz no seu continente,
Nos sorrisos que recebo de cada desconhecido...
Meus olhos não choram. Desculpe-me!
Sofro calado. Sofro de ausência,
E a dor não cala, transborda em meu peito,
Mesmo que eu não posso chorar pela coronária,

Saiba que sinto sua falta, menos ontem, muito mais hoje.

sábado, 30 de novembro de 2013

Mãos

Cansei das mãos que não conhecem meu rosto,
Que nunca fizeram-me cafuné numa noite fria,
As mãos dos corpos que só me são volúpias,
Que carregam vozes que nunca me acalmaram,
Mãos de rostos lindos cujos lábios eu pouco conheci,
mas que não me fazem recordar de nada.
Nem um parque, uma ponte, uma noite,  uma paisagem,
Nada, mãos sem memórias, sem história,
Mão abertas que me chamam mas não me querem,
Querem o que tenho, roubam-me de mim!
Quero distância –finalmente- dessas mãos,
Quero mãos que afaguem-me em dias fúnebres,
E que recebam meus afagos nos dias alegres,
Mãos cujas unhas sejam vermelhas para me satisfazerem,
E que saibam segurar-me e largar-me,
Quando eu pedir, ou quando for preciso.
Quero as mãos cujos olhos eu conheça bem,
E que ao enxugar minhas lágrimas, sejam mãos amigas,
Mãos que me arranhem no esplendor do orgasmo,
Qe dilacerem minha carne sem me machucar.
Mãos que eu ame todo o resto do corpo,
E que amem até minhas mãos tão feias!

Não suporto mais viver para as mãos
às quais eu somente desejo,
Que me desconhecem e que me alucinam,
Mas desejo apenas por pouco mais de uma noite.
As mão que  vez por outra são quatro, são seis,
Porém são só mãos e, ao lado do meu corpo ainda me sinto só.
Essas mão juntas das quais estou só a dois,
Cruzadas com as minhas, juntas parecem celas.

Meu crime é amar demais, minha pena é a liberdade,

Por isso Adeus, não as verei nunca mais!

De amor e amar

Ontem vi-me nos olhos de quem amo
Com tenra idade, um espelho de ver o passado,
O choro febril fez-me miserável,
O dilúcolo brilha intenso. Mas não para mim.

Ao longe em vermelho queima o horizonte,
O calor derramado queima meu sorriso,
O dia nasce, eu morro pouco a pouco,
Vence o inimigo, meu lobo insaciável.
Esvaída a força, sou corpo vago. Mais nada.
Passei da hora ao sorver da vida,
Aquilo que inspira a olhar Selene,
No âmago das tribulações me perdi,
O que mais restará para mim?
Por que amar me é uma falta perene?

Calo minha caminhada sozinho
Sou boa companhia em silêncio,
O que sou ou fui já nem importa,
Amei demais e quem ama está só
Sou tão egoísta que me dou em pedaços,
E quem se diz amante do meu todo,
Não vê onde eu falto.

Desculpe se amo em excrescência,
Quem você teve já não me habita mais
Seu olhos derretem em gotas cristalinas
Não demora esquecerei minha alma,
Em um canto qualquer,
Com qualquer uma que me absorva.
Perdoa se morri em seus braços,
Mas eu mudo e morro com frequência,
E só reencarno noutra paixão.

Sofro de ausência pois não me encontro,
E amar-te seria meu sonho,
Se não fosse meu maior pesadelo.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Desonesta

Uiva o lobo dentro de mim:
O eterno sentinela da escuridão soturna,
A quem o silêncio prendeu numa lacuna,
Que a vida insiste em preencher com fim.
Eu descubro o véu e vejo tudo:
Dorme no berço um amor embrionário,
De quem a sorte tornou retardatário,
Na corrida contra os medos noturnos.
Eu estou lá, atrás do espelho:
Enxergando nas lágrimas de teus olhos verdes,
Uma tácita alma que clama às paredes,
Para as lágrimas não deixarem teus olhos vermelhos...
No espólio do amor vivido,
Transparece a mulher que a vida te moldou:
Furtando-te a juventude, tudo o que restou,
Foi a esperança, teu primeiro e único marido!
Vive e chora, agora, tão tardiamente,
Por não ter vivido antes o planejado,
A história se fez sem castelo ou príncipe encantado,
Foi apenas humana, desonestamente.
E não sou eu o algoz dessa dívida funesta,
Que se mostra humanamente desonesta,
E rir-se no escárnio de uma pergunta indigesta,
Deveras racional pra cabeça de um poeta!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Lá vem

Lá vem,
Ela, aquele sonho que tive,
 finalmente realizado,
A dor enfim se esvai numa nuvem boba,
Eu posso sorrir e cantar de novo,
Porque sei que a tristeza é passado.
Lá vem,
Ela, um retrato de paisagem,
Uma lua que se esconde atrás de um monte,
A criança com fome,
Finalmente alimentada,
E essa criança fui eu com fome de amor.
Lá vem,
Ela, com seus passos de pés pequenos,
Cabelos longos desembaraçados,
Eu a vejo nas sombras do passado,
E na luz de um futuro próximo,

Ao meu lado, finalmente.

Eu te amo sem saber

Eu te amo sem saber:
Permaneço ignorante,
Até que tu me ames de volta.
Sou fiel e nem sabia:
Nunca traí o amor que não tenho,
Nem trairia se eu o tivesse.
Leviano, brinco com tudo:
Brinco também de ser sério,
E, às vezes, de tudo dou risada.
Canto em boa companhia:
Junto nossas vozes no escuro,
Acredito na melodia do sussurro.
Toco instrumentos também:
Alguns musicais outros não,
Toco saudade e, não gosto do som.
Sou por vezes um garoto:
Amo simplesmente por amar,
E nem preciso que me amem de volta.
Apenas esteja aí, por favor:
Para eu ver-te quando der,

E fechar os olhos pensando em nós.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Não tenho um amor

Não tenho um amor, não tenho ninguém,
Nem a solidão me faz companhia,
É só uma tristeza na minh'alma vazia,
E o tempo, que não me leva daqui...
Quero finalmente encontrar (ou ser encontrado),
Mas até hoje meus dias são só espera,
Um sonho nunca realizado,
E meus olhos sempre vermelhos...
A amargura passeia no meu peito,
Faz seu refúgio nos dias de chuva,
Meu Deus, quanta dor eu carrego!
Quantos sorrisos ainda me serão uma tortura?!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ah!, O Sol!

O sol  é um menino tímido:
Fica vermelho quando se despede,
Fica vermelho quando chega e nos cumprimenta.
Mas é também sabido e generoso,
Contra o vazio, deixa sempre outras estrelas por perto.

Poesia multidimensional

poesia em uma dimensão chama-se horizonte,
poesia em duas dimensões chama-se alvorada,
poesia em três dimensões é ambulante,
E, às vezes, até dorme comigo lá em casa.
Poesia em mais de três dimensões,
Não valem de nada!

Olhar-te nua

Olhar-te nua me faz poeta,
torna todas as coisas belas perfeitas,
e as coisas feias desaparecem.

domingo, 22 de setembro de 2013

Minha passos leves

Que decerto me enche de amores,
Pelas noites que se arrastam na penumbra,
É minha Elfa, com os seios em Flores,
E o seu olhar que tudo acalma.
Visita-me na surdina, nos seus furtivos passos,
Deixa em casa as suas criancinhas,
Só para ter-me em seus gentis abraços,
Só para ver, do céu, mais perto as estrelinhas!

Às segundas as sextas

Espera até sexta,
Trabalha até sábado.
Aos domingos descansa,
Segunda-feira é um saco! 
Aos poucos a euforia,
A espera pelo feriado,
Um dia a menos que seja,
Mesmo aquele dia de trabalho,
Quanta falta faz a quem nunca,
Se lembrou que os dias,
Também algum dia se acabam.

Água marinha

Natural é gostar de você sem limites,
Mesmo estando o céu tão distante,
E eu tendo  só ao alcance o azul dominante,
Dessa luz que emana do seu olhar de água marinha,
Rainha, caminha ao meu encontro,
Fala com voz suave as ternuras,
Das loucuras de um beijo que não aconteceu,
Está por vim, como os dias mais plenos,
E o verão que nem vivemos,
Ah, se você se esvai nas nuvens,
Nem sabe a falta que faz,
De ter seu perfume no meu ar,
E estar na rua vendo a vida passar.

domingo, 18 de agosto de 2013

Die Abreise

Bald kommt wieder der Winter
und hier ist es kaum kalt geworden.
Es geht nicht nur um den Dichter,
Das Gedicht ist genauso zerbrochen.
Was Dachtest du während der Flut,
Die mein Herz mit Liebe überfloss?
Wo gingst du hin,
Als kaum gebaut war das Schloss?
Wo steht die Morgenröte
mit ihren schwarzen Augen?
Ich rufe dich im Dunkel,
aber ich höre gerade nur mich...
Meine Blume und mein Blut machen mich stärker,
aber nur die Blume, so schön wie sie ist,
kann mich zum lächeln bringen.
kaum bin ich da muss ich schon wieder gehen
sag dem weg den er gleich betritt,
seinen steinen und seinem Blick!
seinem Herz, so verwirrt,
denn es ist wie verrückt in jemanden verliebt!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Gute Nacht

Gute Nacht, Schlaf gut,
ich kann das heute nicht mehr...
du wirst morgen von mir hören,
Ich bin Strand, du bist Meer.
Jetzt tut weh einfach mein Herz,...
Melde dich, wenn du Wach bist,
Komm vorbei oder ruf mich an!
Ich gucke die Sterne am Himmel,
Sie strahlen, dann und wann.
Ich brauche die ganze Tag,
Weil ich unseren Leben bilde,
In meinem Kopf, der so fantasievoll ist.
Ich habe auch noch die gleichen Armen,
Wo du aufgewacht bist.
Guten Tag, wach gut auf!
Ich warte schon auf dich...




quinta-feira, 18 de julho de 2013

Elegia de um Adeus

Digo dos majestosos dias fronte à fronte,
Ante a esse rosto que me desperta o saudosismo:
Foram plenos, um olhar além-horizonte,
Um futuro vivido entre paixão e lirismo.
Tu foste tão cedo de volta ao lar,
Eu distante do teu toque, tu, do meu olhar.

Deixaste-me órfão desse jeito de acordar:
Braços confundidos, pernas entrelaçadas.
Uma troca intensa de carícias e ar,
Uma respiração única, sincronizada.
Ser tão eu dentro dos teus limites,
Ter sido mais feliz do que no paraíso se permite!

Este é o teu Reino em ascensão sublime,
Uma alma transparente e seu castelo flutuante...
Monarca do meu corpo me redime,
Purifica-me a alma quando beijas-me ofegante!
Sou vassalo dessa que faz os céus um vilarejo,
O paraíso visito na volúpia dos teus beijos!

Então desceste para salvar uma alma perdida,
Ou mostrar o caminho a um pobre diabo,
Seu destino fez-nos ligados em vida,
Mas longe do teu alcance, sou apenas um dia nublado.
Infeliz distância que nos separada a carne humana,
Mas meu pensamento não caminha, emana!

Amanhece a palidez de um raiar cinzento,
Dias e noites são só tristezas mascaradas,
Teus soluços já não curam meu tormento,
A solidão me visita já com hora marcada.
Não há refúgios nas noites sombrias,
Teu colo ainda é a minha melhor companhia.

Herdeiro sou de tão pouca sorte,
Que fiz dos meus sonhos minha própria sepultura,
Dei-me completamente, deixei minh'alma pura,
Não restou nada de mim para o meu leito de morte.
Foi uma sombra fugaz que beijou-me os lábios,
E minha boca tornou-se um relicário.

Corroendo-me pouco a pouco feito saudades de casa,
A boca ardente, feito terra seca em dia ensolarado,
Fui de um céu inexistente à uma água rasa,
Que só o rosto molhou-me, com seu gosto salgado.
Vozes ecoam estridentes em meus pensamentos,
Mas estou fechado, numa cela de ferro e cimento.

Então o que faço, finalmente, sem nem ter mais a ilusão,
De que no fim iria adormecer pleno ao teu lado?
Tu foste para longe além, deixando-me abandonado,
Tiraste-me tudo, com palavras de parca emoção.
Adeus, minha aurora, acordo agora, já tarde,
Eis-me desperto, frente ao mundo, para uma vida de verdade.




 


 





terça-feira, 16 de julho de 2013

Sonho meu

Veio até mim seu olhar,
Como quem brinca na chuva,
Uma crianca arteira,
Minha criança, que cresceu em mim,
Num peito sentido quase morto,
Que agora vive de saudades,
E vibra e chora,
Quando ela chega, e quando vai embora,
A minha pequena gigante,
Sonho meu ambulante,
Finalmente, realizado.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cibele

Eu quero pra sempre,
Eu quero pra agora,
Demore no tempo,
A eternidade das horas,
Mas venha sem pressa,
Sem futuro ou medo,
Apenas venha...
Pois a quero em segredo.
Um dia nao basta,
Ter que durar uma vida!
Tem que ser amor puro,
Que cicatriza ferida,
Tem que ser Ipanema,
Tem que ser em Cabo Frio,
Ser presente em Dezembro,
E em Janeiro um Rio,
Ser luz bruxuleante,
Ser pescador sem anzol,
Sermos dois num instante,
Ao ver nascer o Sol,
E ter paz no caminho,
Com as maos deslizando,
Correndo devagarinho,
Nas estacoes do ano,
Ser inverno no quente,
E outono em Madrid,
Ser voce sorridente,
E ao ve-la, eu sorrir,
Quero que seja um  encanto,
De perna tao linda,
Que seja a Cibele,
Minha Loira Preferida!


Eu quero que seja simples,
Um voo de borboleta,
Quero que seja uma morte,
Do recomeco, a certeza!






terça-feira, 21 de maio de 2013

À doce memória


Beija-me, ou mantenhas-te escondida ao lado do meu rosto,
Quero essa dança eternizada em minha memória,
Voce é tao maior maior do que seu envelope aparenta e eu,
Sou a ilusao que permeia seu dia e o fez virar noite.
Sou a tentacao pulgente que a seduz lentamente,
Um alguem, de quem nao iras esquecer. E de ti nao viverá esquecido.
Saia e volte, como um suspiro que se tenta esconder,
Mas fique, de maos branquinhas nas minhas escuras,
Que o negro de minha pele se ilumina ao toque delicado,
Proporcionado pela plenitude de seus olhos claros,
Quando disparas encantadora resplandecencia .
Somos dois loucos desvairados, ousando ser felizes,
como o faziam os apaixonadas das historias de amor.
Mas nao amamos  - só sofremos de prematura distancia,
E de vontade de juntos mais uma vez estar.

Tinha cor rosa, mas nao me deu o luxo de sentir teu gosto nesse dia,
Foi só um daqueles sustos que as vezes duram uma vida,
E noutras, um inverno. Mas foi, e é tudo o que temos: memória.
E somos assim criancas, sem responsabilidades,
Dois seres brincando de Chronus, com a mesma ampulheta!
Eternizando um momento, prolongando horas,
Somos dois amantes da mesma essencia, feitos de musica.
Digo-te: nao posso mais perder-me!
Achei minha diracao quando olhei em teus olhos por engano,
E mergulhei na mais reconfortante experiencia de minha vida
Agora só resta seguir o caminho apontado pela estrela polar,
Aquela que me guia e leva meu corpo através das noites,
Só assim estarei  - queira Deus! – Em breve,
Entre imortais seres, nas nuvens que me permeiam a mente,
Pois sigo o caminho que, algum dia, me levará a ti, meu anjo!


Sigo teus passos, como se ainda estivessemos dancando,
Conduzo minha vida como se minhas maos te tocassem,
Vendo uma primavera inteira em casa flor do caminho,
Entre as horas que minha mente a buscam e aquelas em que sou sombra.
Espero, para ver-te novamente onde minha luz brilha mais forte,
Espero, pois o tempo se esvai de minhas maos e inunda meus olhos,
Esses sao segundos pavorosos, que corroem minha alma,
Mas nao me fazem perder a esperanca de um dia estar contigo,
Posto que quem nao espera se perde e cai em esquecimento,
E eu sei que nao posso viver sem reviver o nosso momento!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Sei que é real porque eu sinto

Sei que é real porque eu sinto
É como o ar ou a luz
Esse imenso sentimento latente
Que adormeceu de cansaço
De tanto esperar alguém que o mereça
São memórias, as quais reconstruo em fotos
Os fatos que não vão morrer tão cedo
E nem quero que morram jamais.

Seus olhinhos, nossos momentos felizes
Pouco a pouco tudo veio à baixo
Os planos, os lugares. Nossas raízes
Parece que mudamos tudo mas, nada mudou
Fomos os mesmos nos escondendo
Do medo da solidão, talvez do esquecimento
Nos amamos tanto no começo que não sobrou nada
Para reacender a fogueira que nós criamos
Alimentando nossas frustrações com mais frustrações
Porque é isso que fazemos quando nos descuidamos
Somos fracos, quando devemos ser fortes
Deixamos o tempo passar rápido demais...

Sem tempo nós corremos, como quem esquece algo no forno
Tentamos não queimar o assado
Mas o fogo estava alto demais. Nos descontrolamos
Dissemos tantas coisas que não devíamos dizer
Entendemos tantas coisas que o outro não disse
Ainda assim, sobrou alguma coisa
Mas não me atreveria a chamar tal coisa de boa.
É bom saber que sobrou algo de nós
Mesmo que não saibamos se iremos tirar proveito dessa coisa
Mesmo que tenhamos que aprender a viver separados
Depois de sermos uma pessoa, tão junta e tão carente
Carente de si mesma, da sua própria atenção.

Olhando o que já foi vivido quero implorar
Uma terceira ou quarta chance. (Quantas já me foram dadas?)
Quero pedir que me cale e me ouça
Cale a minha boca e ouça o meu coração
Pois sofremos juntos, hoje, eu e ele
Só uma dor a mais mas ela não está querendo passar.
É só mais uma lágrima que escorre no rosto e desaparece no chão
Sou eu mais uma vez sendo eu - dramático ao extremo
Um ser errante sem jeito e sem motivos
Mas que quer fazer tudo novo pra não afastá-la de novo
Se você puder me perdoar...ah, se você puder!
Ai então você não me merece, pois falta-lhe o amor próprio
Não a mereço, mesmo implorando para tê-la de volta
Sou caso perdido e não vejo em você um mapa
Eu sou meu labirinto e antes de me achar em você
Eu tenho que me decifrar primeiro.
Digo-lhe, hoje, adeus. Não porque vou partir para longe
Mas porque vou partir para dentro de mim mesmo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

As pequenas coisas

Eu vi uns pássaros pela manhã,
Quando o dia quase clareou frente a minha janela
Não vejo o Sol tem tanto tempo...
Mas acho que ele está lá no céu, depois das nuvens
A chuva ainda cai barulhenta
Não sei se tenho vontade de sair de casa...

Vivi me espelhando nos melhores que vi
Na vida, na escola, no jogo e no amor
Mas a minha história foi com meu suor que eu escrevi
Se faz alguma diferença que tenha sido assim, não sei
Nem perderia meu tempo pensando nisso...

Não foi o tempo que apagou as velhas cicatrizes
Foram as outras que surgiram por cima das antigas.
Nenhuma vitória é justa se a batalha não for injusta
Isso se chama vida e por isso se perde ao se vencer.
As maiores derrotas são as grandes vitórias
Pois sempre se tem um grande perdedor
Ou quem bate, ou quem apanha.

E o que os pássaros tem a ver com a minha história?
O que minhas cicatrizes têm a ver com os pássaros?
Nada além de tudo. Todos os pássaros lutam pela vida
Desde o começo,por comida ou contra outros pássaros
E cada tombo de cima da árvore é uma cicatriz
Que será vencida pelos voos bem sucedidos
Sem traumas, só vitórias nas pequenas coisas.






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Jordan e Leonor

Se meu rosto fosse de areia,
Nessa maré-cheia que se fez nos meus olhos,
(Mesmo sem ter no céu Lua Cheia),
Mesmo ranzinza, e turrão como eu sou,
Não haveria concreto que segurasse meus escombros,
Quando eu visse os meus pequenos de novo.

Tomo-os em meus braços em meus sonhos,
Correndo descalços pela sala da casa, fazendo uma bagunça!
Mas sou o tio bravo, que brinca e briga,
E ama e chora, como uma mãe que vai ao trabalho,
E deixa aos cuidados de outrem sua prole.
Tão apegado ao que aprendi a cuidar - mesmo que tão pouco,
Mesmo que tão longe...e ao mesmo tempo tão sozinho,
Tão próximo do amor que carrego em meu peito.
São tão lindos e não é bajulação.
São dois sóis que brilham no esplendor dos meus olhos,
Quando o meu horizonte se enche daquelas risadas que andam!

São minhas raízes e de lá não esqueço.
Ir à praia e vigiar sempre pra Jordan não comer areia,
ou Leonor fugir mar a dentro - mesmo com tanto medo,
Mas é que Iemanjá acha lindos os meus sobrinhos!
E eu também.

A saudades arranca os soluços de quem está longe,
E as lembranças se perdem nas obrigações,
Tão pouco tempo que mal tenho tempo pra olhar pro lado,
Ver o retrato dos dois pequenos abraçados,
Perco-me entre as minhas atribulações,
Mas meu coração é um cofre bem trancado,
Mantém vivo meu tesouro maior. Meu sangue, minha alma.
O pequeno sorriso que ainda trago no rosto.

Tio volta logo, bebês. Tio Ninho voltará pros seus bracinhos!

À J-O e Nonô.