terça-feira, 16 de novembro de 2021

Vc tinha que ta me dando

Vc tinha que ta me dando

Satisfazendo meu desejo

Vc serve pra tudo que quero:

Tapa, enforcamento, beijo.

Te vejo andando e a vontade

Ai meus deus, quem me dera! 

Vc sentando com força

Enquanto vê sua novela

Fofocas, chiliques e manhas

Nem vou ligar se vc fizer

Contando que, ce sabe, 

Eu possa te fazer mulher.

Teus cabelos na minha mão

Vc de costas pra mim

Não pense em submissão

Eu não quero mulher assim

Meu fetiche é essa pele

Acho lindo nosso contraste

Novinha com uma idade boa

Já tá pronta pro abate.

Não sou de compromisso

Namorar eu não quero

Queria um lance escondido

Pra não parecer que é sério

Confia que eu me cuido, 

Não precisa de proteção

Qualquer coisa tem dia D

Ce num engravida não

Fico sonhando com nós dois

Parece tudo tão real…

Sua bct lisinha

Um botão de flor invernal

A gente combina demais

Eu experiente, vc tao nova

Podia te ensinar tanta coisa

Seria uma dupla maravilhosa

Vc tinha que ta me dando

Satisfazendo meu desejo

Mas como não está,

Foda-se vc e seus direitos!








terça-feira, 3 de agosto de 2021

Eu imploro o teu amor

Eu imploro o teu amor 
por que me falta um tanto
Aquele pouco que é o estopim.
Um amor que não me traga mágoa
Que não me dê nada que já trago de fábrica
Um amor grande, ou um chinfrim.

O amor que me fizer completo 

eu grito truco, xeque-mate, game over.

Eu zero o jogo, salvo a princesa.

Aceito amor em frasco curto

Em pote grande, tapauér ou balaio

Amor que coma, eu sirvo a mesa. 


Amor bonito é querer muito

O feio amor eu quero distância

Amor, pra mim, é o teu amor

Que não me dá, nem oferece

É tácito e ausente com elegância

Sempre no fim sem que comece

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Benção e Unção

Estou na pele que te 
negam Arrebatamento
Quando a trombeta soar.
E não importa o que trago
no coração.
Se maldade ou se bondade
Estando condenado
Toda miséria recobrirar
meu túmulo. 
Em minha lápide, o silêncio.
Após minha morte
Nem um instante de glória.
Se católico ou evangélico
Deus há de ter me condenado
Antes de eu ter nascido
Com uma benção e uma unção.





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Pedras e descaminhos

Já fiz tanto uso das pedras no caminho:

Peso de papel,

Pedra que quica na superfície do rio,

Brincar de amarelinha.

Acontece que nunca dou cabo delas

Elas sempre aparecem em quantidade

Maior que a minha criatividade.


No entanto, são tão úteis, essas danadas. 

Descobri que, com essas pedras,

Tão pequenas perto de mim,

Posso contrabalancear o peso da vida

E por mais que eu seja alvejado com elas

Também é com elas que posso me defender.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Mar do passado

As pessoas passam

Como navios no horizonte 

O mar observa calmamente

No seu vem e vai. 


Nascer na terra, morrer no mar

Olhos de água e de banzo

Olhos que navegam sem rumo

E não podem voltar. 


Mar, me ensina! 

O que tuas areias já viram

Eu não poderei ver, só sentir

Com minhas pegadas que afundam

Enquanto tua praia me abraça

E a maré vem me banhar.


Cheguei sem remo, sem leme, sem norte

E enfrentar tuas ondas fez-se impossível

Não há calmaria, ó mar revolto! 

Nem tuas escumas vêm me acalmar…


Sou gente de terra, 

Sem horizonte, com medo de tudo

Com um mapa do céu em noite de lua.

À deriva, espero um chamado

Nenhum resgate a quem naufraga

O porto avisou: daqui não saio! 

As ilhas que vi eram fantasia

Descanso, por fim,

Nas glórias do passado. 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Olhar a noite

Olhar a noite

Entre os olhares atentos nos quatro cantos da rua

Uma estrela brilha no céu da cidade

E as luzes são tão artificiais como os sonhos.

Só o que importam são os detalhes

Pontos perdidos no céu escuro

Enturvado pela poluição do ar.

Deixa que seja tarde

Deixa que seja tarde.

Sobre o sol se pondo vermelho

A noite crescente o embala tranquila.

Também o fogo descansa

Também o fogo ressurge do frio.

 

O afago da jornada é a chegada

O outro dia seguinte, as pernas sentem o peso.

São trocas de cores, energias

As palavras que se perdem, correm o mundo

Nos nossos ouvidos pousam como ruídos

De um mundo caótico onde nos olhamos

Entre tantos olhares, entre tantos escuros

Entre chegadas e partidas. 

 

Deixa que seja tarde, quase dia

A hora nunca passou para nós.

Eu olho a chuva que cai no meu quintal

Insistente em furar o chão de cimento.

Após dias caindo, ainda é hoje

Como quando eu te vejo, dezoite de maio

E nada muda, tudo insiste em não mudar.

 

Preparado para partir pela eternidade

Sem nome e sem rosto, a estrada me chama

Não tenho cavalo branco em meu nome, não tenho bens

Carrego uma imagem nos olhos

Uma sensação de eterno calor no coração

E uma mágoa que partirá quando for hora

Deixando uma falta imensa em meu vazio - órgão principal dos poetas -

Onde nada bate, nada habita, nada pensa

Nada é real, além dessa dor inexprimível.