quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sete palmos

Nós somos super heróis,
Nossa super fraqueza é a invisibilidade,
Amontoados sob marquises
Protagonizamos a noite
Quando as lojas fecham.
Durante o dia somos enxotados,
Nosso alimento são as migalhas
Pães dormidos, seres adormecidos...
Casa de papelão, sem teto de zinco
Cobertor jogado no chão - nossa sala.
Olho a lixeira como quem vê um banquete,
Ou a fonte de renda do dia
Sou a extensão do preto asfalto
Como se um braço ganhasse a calçada
Avançando sobre a multidão desapercebida de mim
Lá recosto sobre a solidão dos dias
Meninos de rua, humens de rua, mulheres
Todos sobrepostos nas costas da vida
E quem tem clarividência é o Estado
Vassoura social de varrer sonhos
Pra debaixo do tapete de terra
Sete palmos de expessura.


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