segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Sorriso mais claro

A bela branca
a fera espera
na pele cela
oprime e reprime
desnuda revela:
sou seu fetiche
sou seu fantoche
sou seu instante
nunca seu amanhã.

Um penduricalho
enfeite de natal
o bibelô, o souvenir
tão belo em seu quintal.
Alepo sou eu
Paris é você
De onde você é?
Eu sempre devo responder
Imaginação: Haiti, Nigéria
Teu povo é tão pobre
Europa é a miséria.

Tua cor é meu leito
Teu povo me jura
De morte na história
Teu colo em candura
Me embala de noite
Sussurra em segredo
Aponta na rua:
Aquele é meu preto!

Um rosto de Espanha
Um beijo de Itália
Abraço Alemanha
Dois lábios navalha
Me corta o pescoço
Me vende em retalho
Sou pouco pra feira
um penduricalho.

Na praia teus óculos
me tornam mais preto
teus olhos silêncio
tua boca segredo
um pau na sua cama
troféu na sua estante
te torno mais leve
te mudo o semblante.

Minha folha de Flandres
Amor sem carícia
Sou teu sem amarras
Na dor, sem malícia
Não posso ser eu
Meu povo me nega
Sob o teu regime
Não fujo às regras.

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