Cansei das mãos que não conhecem meu
rosto,
Que nunca fizeram-me cafuné numa
noite fria,
As mãos dos corpos que só me são
volúpias,
Que carregam vozes que nunca me
acalmaram,
Mãos de rostos lindos cujos lábios
eu pouco conheci,
mas que não me fazem recordar de
nada.
Nem um parque, uma ponte, uma
noite, uma paisagem,
Nada, mãos sem memórias, sem
história,
Mão abertas que me chamam mas não me
querem,
Querem o que tenho, roubam-me de mim!
Quero distância –finalmente- dessas
mãos,
Quero mãos que afaguem-me em dias
fúnebres,
E que recebam meus afagos nos dias
alegres,
Mãos cujas unhas sejam vermelhas
para me satisfazerem,
E que saibam segurar-me e largar-me,
Quando eu pedir, ou quando for preciso.
Quero as mãos cujos olhos eu conheça
bem,
E que ao enxugar minhas lágrimas,
sejam mãos amigas,
Mãos que me arranhem no esplendor do
orgasmo,
Qe dilacerem minha carne sem me
machucar.
Mãos que eu ame todo o resto do
corpo,
E que amem até minhas mãos tão
feias!
Não suporto mais viver para as mãos
às quais eu somente desejo,
Que me desconhecem e que me
alucinam,
Mas desejo apenas por pouco mais de
uma noite.
As mão que vez por outra são quatro, são seis,
Porém são só mãos e, ao lado do meu
corpo ainda me sinto só.
Essas mão juntas das quais estou só
a dois,
Cruzadas com as minhas, juntas
parecem celas.
Meu crime é amar demais, minha pena
é a liberdade,
Por isso Adeus, não as verei nunca
mais!