segunda-feira, 6 de julho de 2015

Philomena

Philomena, essa prece,
Escuta? É minha voz...
Os lírios já não crescem
Lá fora, o canto cessou.

Silêncio que meu corpo emana
Sem choro, sem lágrimas,
Eu já não vejo a grama verde
Nem as flores coloridas
O que há de tão severo
De tão caótico e tão atroz,
Dentro dos seres humanos?
Philomena, você não ouve...

Não ouve o pranto das ruas?
Não há beleza em ser vil...
Não enxerga as dores que passo
Não vê que da minha boca não saem palavras
Não tenho nada para dar
Nem ao menos posso receber
Estou fechado hermeticamente
Como uma embalagem de super mercado
E não tenho espelhos para achar a tampa.
Philomena...se ao menos tuas mãos me tocassem!

Queria que não fosse assim
Que o Sol voltasse a queimar minha fronte
Mas esse inverno não me abandona
Parece o odor de um Gambá moral...
E é tão frio estar sozinho
E tão triste não ver as estrelas em seus braços...
Onde estamos, meu doce amor?

Não há seu nome nas esquinas
Não há suas lembranças na memória
Os pássaros são os mesmos, porém calados,
Sem carcarás nas árvores da frente
Sem manhães bucólicas no centro da cidade
Sem xote e sem baião pra nós.
Só um gosto amargo na gargante
Uma vontade de gritar que não cessa
Um ódio tremendo de ter vindo sozinho
Até onde meus sonhos me trouxeram
E seus pés não puderam alcançar.
Philomena? Philomena? Ouça meu recado...

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