segunda-feira, 5 de setembro de 2016

No meu quarto

No meu quarto eu guardo pedras.
Vermelha, preta, marrom clara...
Guardo-as como quem tem um tesouro
Mesmo sabendo que não valem nada...

O sentido das coisas e das ações é-me obscuro.
Escrevo sentado, olho as horas de quando em quando
Sou um mímico do mundo, nada mais...
(Se me ensinarem a relaxar, serei um bom aluno.)

E no que meus olhos tocam acomodados
O pior são os objetos da minha casa.
Minha janela anda muito fechada
A luz do sol conversa com o batente
Despendem horas, se despedem sem muita euforia
Esfria-se o concreto da parede depois das seis
Mas eu continuo a ouvir os passos lá fora
Quieto, na solidão da minha escrivaninha.

De onde me encontro, portas fechadas, escuro
Uma luz bruxuleia vez ou outra na fresta sob a porta
Pego uma xícara com água quente e cidreira
Chamo de chá o que enlanguece o meu corpo
Despeço-me do relógio na parede; dou olá à noite
Logo logo vem me distrair a fantasia
Depois disso, sou nada além das minhas frustrações...



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