sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Deixa que seja tarde

Deixa que seja tarde.

Sobre o sol se pondo vermelho

A noite crescente o embala tranquila.

Também o fogo descansa

Também o fogo ressurge do frio.

 

O afago da jornada é a chegada

O outro dia seguinte, as pernas sentem o peso.

São trocas de cores, energias

As palavras que se perdem, correm o mundo

Nos nossos ouvidos pousam como ruídos

De um mundo caótico onde nos olhamos

Entre tantos olhares, entre tantos escuros

Entre chegadas e partidas. 

 

Deixa que seja tarde, quase dia

A hora nunca passou para nós.

Eu olho a chuva que cai no meu quintal

Insistente em furar o chão de cimento.

Após dias caindo, ainda é hoje

Como quando eu te vejo, dezoite de maio

E nada muda, tudo insiste em não mudar.

 

Preparado para partir pela eternidade

Sem nome e sem rosto, a estrada me chama

Não tenho cavalo branco em meu nome, não tenho bens

Carrego uma imagem nos olhos

Uma sensação de eterno calor no coração

E uma mágoa que partirá quando for hora

Deixando uma falta imensa em meu vazio - órgão principal dos poetas -

Onde nada bate, nada habita, nada pensa

Nada é real, além dessa dor inexprimível.

 

 


 




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