quinta-feira, 27 de outubro de 2022

É o fim

Varar as madrugadas e costurá-las
Com a linha do sono e da inquietação
Veneno borbulhando nas veias
- Olhos cansados - seu nome, qual é?





Da janela que ninguém te vê, nada se observa
A luz fareja vida, distraída, se esvai no entardecer.

Eu confesso meus pecados quando chega as duas da manhã
Os lábios ressecados trouxeram um nome à mente
Revejo meus dramas, cabelos no pescoço a crescer
Incômodo indômito que reacende a madrugada.
Buscava paz nas páginas de livros, tela de celular
Tudo que consegui foram fotos antigas, vontade de consertar a história
O estrago me abraça, balbúrdia, confusão
No tempo livre que tenho, fujo de meditação.

Deu pra ver que meus ossos se quebrariam
Há um abismo imenso para me jogar de mim aos teus braços
Procurei palavras que dicionários resguardam
Mas é medo mesmo, sem robustez de léxico.
Te contaria meus segredos, se quisesse:
Tenho assuntos que não levei para a terapia.

(Quando cheguei na casa nova, no mesmo dia
Ela e eu, quase do mesmo sangue, nos deitamos. 
Quem saberia, senão nós, que o quarto secreto foi revelado?)

Ah, é o fim. Concretas são as palavras não ditas
Os desafios do viver se escondem na entrelinha
Eu tinha gana, tinha sonhos. Onde estão?
Em breve, quando os vermelhos apontarem por cima do Morro da Guia
Atrás do Morro, sob terras, lá estarei. 
Esperarei que a noite esfrie o chão, e rezarei a São Francisco de Assis
Antes de me despedir,





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