terça-feira, 11 de março de 2014

Faz frio e Faz falta

Você não vem. Eu sei. E por que eu ainda sinto a sua falta?
Penduro suas roupas na corda como se você ainda viesse.
Noites longas, frio intenso. Morei sozinho,
Onde ninguém mais tentou morar.
Nem sente falta de rir-se das minhas palhaçadas,
Ou de acordar cansada depois de uma noite de amor,
Não sabe mais quem sou...ou será que só finge?
Estou a imiscuir-me nas suas histórias,
Tento entendê-las. Tento entender-me.
E tão amiúde me falta ar para continuar sendo assim.
Onde está seu rosto cansado ? (Quem chora agora sou eu!)
Pelas noites longas e os dias curtos do inverno,
O sol resolveu agora me abandonar...
Vejo pela janela, ali havia sempre uma musa,
A espiar a passagem da vida do lado de fora.
Onde ela está?
Daqui (e de mim) nada restou e eu mesmo estou a barganhar,
Com uns e outros o pouco que me restou.
E não adianta fingir que pagamos o aluguel,
Eu paguei sozinho, e nada ficou no lugar.
Mudei as estantes da posição de costume e você não reclamou!
Mudei a mesa: Você nem chiou!
Mudei a posição dos talheres: onde estava você para me impedir?
E agora quero me mudar: não por dentro mas, de apartamento.
Não posso viver aqui sozinho com tan
as lembranças,
Depois de soçobrar a vida, nada volta ao lugar,
É a tal da entropia que molda nossos remorsos,
São meus olhos cansados que se despencam no primeiro descanso,
É minha panóplia tentando me proteger de sofrer.
Deixei-te ir daqui, desse buraco onde vivíamos,
Às águas-barrentas-furtadas de um velho coração.
Senti saudades, tentei chorar. Não consegui.
Não tenho mais sentimentos depois de nos ver morrer em meus braços.

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