Quando me falam
dessa mãe,
Dona do ouro e do
diamante,
Dona das guerras e
do sangue,
É que sei quem eu
sou,
Mãe-minha, que a
todos gerou,
Quando me contam
suas histórias,
Passado remoto de
muitas glórias,
Muitos impérios e
construções,
Berço primeiro das
civilizações,
É que eu me vejo
recolhido eu seus braços.
Quando a olho,
assim, cabisbaixa,
Diante dos seus
filhos perdidos,
Que para longe foram
levados,
No convés de
brancos navios,
É que entendo sua
dor.
Quando essa mãe se
olha no espelho,
Com seu corpo em
sangue vermelhos,
Sangue trazidos
pelos Europeus,
Que fizeram desses
filhos seus,
Não mais homens,
mais sim guerreiros.
Vejo-a chorar ao não
reconhecer-se.
Mesmo diante de
tantos problemas,
Tantas lutas, tantas
doenças,
A pobreza que a
acometeu,
A terra usurpada e
superexplorada,
A sede dos homens de
subir ao poder,
Os irmãos a se
matarem ou a morrer,
E impérios de
outrora, assim, esquecidos,
Resistem seus
músculos de rainha-primeira.
Saquearam seus
bolsos, mãe,
Encerraram-na num
muro vergonhoso,
Pensaram-te fraca,
fizeram-te gozo,
Mas ninguém
entendeu quem tu és.
É quando olho nos
olhos dessa mãe
Que me vejo, no
rosto verdadeiro,
Da herança dos
nobres e guerreiros,
(Manjacas, balantas,
bijagos, mandigas e jalofos,
Caçanjes,
benguelas, cambidos, muxicongos, maluas, angicos e rebolos,
Iorubas, jejes,
fantis, axantis, gás e txis
Haussás, kamuris,
tapa e gruncis)
Dos quais sou parte
e sou herdeiro,
Mesmo sendo só mais
um brasileiro,
Sou antes seu filho,
ó da mãe África!
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