segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Azulada estrela

I

Irrompe em sonhos a alvorada,
Me vejo a sós com as tuas lembranças...
A tua doçura me lambe os ouvidos
Quando em meus pensamentos
Oiço a tua voz.
A mais azulada estrela habita os teus olhos,
E a nossa distancia também é azul: um oceano!
Eu, nas sombras destes dias,
Perpasso o tempo como uma viúva de guerra,
Sou feito de espera e luto, e luto e espero,
O dia em que revê-la seja,
Nada além de verdade.

II

Para que teus olhos me entendam
Sem fitarem os meus,
Para que tuas mãos me toquem
Sem eu estar de corpo presente,
Para que tu ouças minha voz
Sem eu nada sussurrar,
Para que a saudade morrem um s,
Sem estarmos juntos,
Para que morram as sombras do passado,
Dentro do teu ser...
Para acalmar meu peito ávido,
Que teu calor precisa e não tem.
Por isso, e só por isso, escrevo-te,
Na esperança de ser tão simples
Que minhas palavras possam se tornar
Amoras doces, quando ditas por ti,
Um pôr-de-Sol, quando tu as ler,
E a nona de Beethoven,
Quando em teus ouvidos ecoarem.
Assim, terás-me inteiro em versos livres,
Como um grafite derramado em uma singela poesia.


III

Quantas palavras existem
Para descrever uma estrela,
Que, quando calidamente
Derramada em fulgência,
Desmente o indizível,
Numa onomatoéia de cansaço?
Apenas uma, diria: você!
Nunca a vejo
Onde meus sonhos repousam,
Mas repouso em ti,
Numa ilusão reconfortante.
E perseguindo-te
Nas luzes da cidade
Acabo em mim, na chama
Que acendeste em meu peito!
Um elo soldado por carne em brasa
Uniu teu corpo ao meu,
Num ritual de divindade
E até o crepúsculo de nossas almas,
Carregarei teu calor no meu sangue
A percorrer-me o corpo,
Posto que de todas as palavras que conheço,
A mais triste ainda é Saudade...



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