terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cresceriam flores

Cresceriam flores em todos os túmulos,
Talvez cravos florescessem,
Quando a terra revelasse:
Esse foi um grande homem!
Essa foi uma grande mulher!
A brutalidade que blinda a pele
Sangra a carne e humedece os olhos
Transforma homens e mulheres
Em máquinas de matar,
Em alvos a morrer lutando.
Farda preta, Farda Cinza,
Pernoitando na espreita
Esperando uma oportunidade
De espalhar sombra na periferia do país
Somos tantos, fomos mais...
Se menos balas nos desferissem
Se mais escolas fossem construídas aqui
Se mais lazer houvesse,
Se ao menos os ônibus passassem no horário
Se mais amor aqui existisse
Se ao menos nos tratassem como gente
Seriamos mais fortes, mais felizes,
Menos luto, menos dor...

Cresceriam homens e mulheres entre nós,
E não alvos a consumirem os ideais burgueses
Alienação e desunião vendidas
Em forma de tecnologia barata.
Não veríamos os nossos jovens mutilados,
Os nossos jovens vilipendiados sem razão,
Os nossos jovens mortos pelas calçadas e ruas,
Os nossos jovens sem futuro no olhar,
Os nossos jovens serem tirados de nós.
Cresceriamos como flores em jardim bem cuidado
Mas somos pisados por coturnos sujos,
Botas do Estado Brasileiro, fascista!
Somos caçados como javalis em plantações,
Enquanto num suspiro infeliz,
Simplesmente demonstramos que estamos vivos...vivos!
Estamos vivos, embora tentem tornar o contrário,
E esse é o maior incômodos dos embranquecedores da nação.

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