O primeiro gole é água pura
No segundo desce o comprimido
Com a difícil missão de acalmar um corpo
De cabeça atormentada pela vida
cotidiana. Cotidiano...
"Eu vou fugir", todo dia me prometo.
O Uruguai não é tão longe.
Lido com a minha pele me pedindo trégua
Guerra infinita e eu não sou meu herói.
Vulcão epidérmico, erupção de dúvidas
Em bolinhas, feridas, coceiras
Emoções multiformes
Recado perene, psoríase
Choro que não escorre, fonte seca.
Dos mimados que me fazem miserável
Do brigão que se cala ante à platéia
Recorro aos livros sem alento
As músicas me lembram a realidade
Não há um dia que eu não sofra
Das mesmas mazelas desse povo
Que insiste em se autoflagelar.
(Discorro sobre o tempo em equações, variáveis me tomam a mente. Empreendimento humano, abstrair ante a morte eminente da sensatez.)
Um precipício, é o que sou.
Firme e inseguro
E um enorme vazio de futuro.
Que venham a mim os suicidas
Que se percam no meu infinito.
O tempo para, sou um respiro, breve segundo
Além de mim só há silêncio.
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