domingo, 29 de novembro de 2020

O primeiro gole

 O primeiro gole é água pura

No segundo desce o comprimido

Com a difícil missão de acalmar um corpo

De cabeça atormentada pela vida

cotidiana. Cotidiano...

"Eu vou fugir", todo dia me prometo.

O Uruguai não é tão longe.


Lido com a minha pele me pedindo trégua

Guerra infinita e eu não sou meu herói.

Vulcão epidérmico, erupção de dúvidas

Em bolinhas, feridas, coceiras

Emoções multiformes

Recado perene, psoríase

Choro que não escorre, fonte seca. 


Dos mimados que me fazem miserável

Do brigão que se cala ante à platéia

Recorro aos livros sem alento

As músicas me lembram a realidade

Não há um dia que eu não sofra

Das mesmas mazelas desse povo

Que insiste em se autoflagelar.


(Discorro sobre o tempo em equações, variáveis me tomam a mente. Empreendimento humano, abstrair ante a morte eminente da sensatez.)


Um precipício, é o que sou. 

Firme e inseguro 

E um enorme vazio de futuro.

Que venham a mim os suicidas

Que se percam no meu infinito. 

O tempo para, sou um respiro, breve segundo

Além de mim só há silêncio. 







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