sexta-feira, 27 de abril de 2012

Doce amada

Se os anjos no céu de arpas se munem,
Ungidos do orvalho de pétalas divinas,
Entre as nuvens, e a nós dois unem,
Nos meus sonhos que passeiam lá em cima,
Não temas nada, estarei aqui,
Teu tempo é hoje, doce amada,
Durmas tranquila, podes ir.

Se os mesmos divinos seres tolos, 
Cantarem a ti em sinfonia,
Afastando os escárnio e os corvos,
Que de ti pretendem roubar os dias,
Estarás segura, já passou,
O ar orvalhado da floresta,
Colore o verde multicor.

Se a hora matinal descansa tenra,
E os facões do tempo a molestarem,
E tu, minha dama de alma imensa,
Viver a noite em tua face,
Sê fiel a tua índole,
Não te vás enganar-te,
Morro bom tem rocha firme!

Se minha voz rouca e fatigada,
Não cantar tua ode, queira perdoar,
Esse pobre poeta, doce amada,
Que a ti dedica as canções sob o luar,
Corre fria a vaga ardente,
Que beijou seu corpo junto ao mar,
Corre em minhas veias o meu sangue quente!

Se com mil canções tê-la não pude,
Persigo-te, sereia, ilusão primeira minha,
Corda solta, calo o alaúde,
E perco meu rumo, em ti,estrelinha!
Não há mais ninguém, o que queres?
Não vês que sou o que procuras?
Tu és singular entre as mulheres!


Nenhum comentário:

Postar um comentário