Eu quero tudo preto
no preto
Sem dó e sem gueto,
Sem contradição.
Eu quero ser o
presente do legado,
Que começou com
meus antepassados,
E permanece em minha
geração.
Eu quero ser a
mistura sagrada,
Ser candomblé, ser
Umbanda,
Ser Batuque, ser
chão.
Eu quero ser menos
alvo da polícia,
Sobreviver de estudo
e não de malícia,
Por ser o malandro
da nação.
Eu quero ser a voz
que ecoa nas ruas,
E não o reprimido
pela ingerência sua,
Sempre de cassetete
na mão.
Eu quero ser
cultura, ser samba, ser nagô,
Cantar a Jesus, Alah
ou Xangô,
Eu quero ser
religião!
Eu quero tocar meu
atabaque,
Na capoeira, o meu
ataque,
É pela libertação.
Eu quero mais casa e
menos barraco,
Mais emprego e menos
descaso,
Mais dia-a-dia e
menos eleição.
Eu quero ser doutor
e não ambulante,
Não mais caçador
de diamante,
Ser mais eu e menos
o patrão.
Eu quero ser o
reitor da Universidade
Ser a história,
gente de verdade,
E não um
pseudo-cidadão.
Eu quero poder ser
expresso,
Pelo meu cabelo
disperso,
Crespo, duro não.
Eu quero ser o
grande Milton Santos,
Quero ser Abdias,
ser Banto,
E cantar com
devoção.
Eu quero cantar
minha raça,
Sem lembrar só das
desgraças,
Que acometem minha
população.
Eu quero o direito
de saber minhas origens,
Ter respeitada os
nossos vários matizes,
Dentro da
miscigenação.
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