terça-feira, 14 de outubro de 2014

Olhos que me falam

Quando não olho o tempo
Penso que estou nublado
Fico com a impressão de que vou chover
Ao precipitar-me em maus pensamentos
Pois penso, equivocadamente, que tornar-se-ão
Granizo as minhas risadas...

Sinto-me neblina, às vezes, porém
Quando no relevo dos teus olhos grandes
Me faço turvo sem tua lente
E não me pareço invertido no teu cristalino
Como quando inverto minha imagem de bom moço
E refaço-me em ti dos pés à cabeça.

Pareço bobo mas não sou
Sou só mais uma invenção dessas que tem por ai
Tipo um carrinho de controle-remoto.
Divirto-te e me divirto com a tua diversão
Pois mais me importa o teu sorriso
Às coisas sérias do mundo
Porquê sério sou eu, o brincalhão,
Semeando o sorriso a quem precisa.

Nesse reflexo que somos nós
Corpos negros, onde gêneros diferente se expressam,
Sou a metonímia da tua existência
E você é a minha, puramente singela,
Como um prato cheio de feijão com arroz
Como a fome de quem acorda cedo para trabalhar
Como o amor que tenho por você.

E de tudo que até hoje me foi permitido conhecer
Aprendi que os rios são belos
E que as florestas também são belas e assim o são
As flores, os peixes, e tudo o que existia antes de nós
Por quê a natureza é perfeita e fez você
Mais bela que os rios, mais bela que as florestas
Com seus olhos que me falam, negros
E me beijam sem tocar-me a boca.

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