quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Videiras da escravidão

Negro fujão sem corrente, livre!
Foge do quê? Da realidade...
Oprimem o fruto do passado triste
As portas que não se abrem.
O sangue que marca o asfalto
A retinta epiderme que o Sol perseguiu
História que não te contaram
Passou-se há pouco, no Brasil.

Esquecimento, esquecimento,
Embranquecimento, embranquecimento!

Se houver de embranquecer a família
Esquecendo minhas raízes,
Vou morrer sem descendentes!
Homem-Baobá, simbolo da terra, sou eu!
De onde eu vim? da raiz forte!
Que toma os céus, dos caules grossos
Vou morrer tubérculo, filho da terra!
Mas não planto uma semente que não seja preta!

Videiras da escravidão,
ácidas uvas negras na história
doces famílias que dão bons frutos
reunidas no culto e na fé, da ponta à base.
O tempo fará-nos melhores vinhos que agora
E não irão mais nos pisar para extrair o nosso melhor
Pois juntos seremos árvore
Que nenhum serrote, motosserra ou bala poderá matar.
Somos raízes profundas,
nas entranhas da terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário