sexta-feira, 4 de março de 2016

Preta

Preta,
Quando toca o tambor de Angola
É o chamamento que o peito clama
A alma ouve, e o corpo inflama
Feito mar que, sob o vento, marola...

Preta...preta...preta!

Preta,
Sem ti meus olhos vivem cacimba
Desamparados mergulhado em banzo
Eu desafino no toque a marimba
Puxo um lamento pra espalhar meu pranto.

Preta...preta...preta!

Preta,
Cada batuque traz teu nome gravado
No ar que cobre e reveste as campinas
Humpi que não vive sem humlé ao lado...
Eu sou a pele que no teu tom afina!

Preta...preta...preta!

Preta,
Cada centímetro é a imensa Kalunga
E a distância maltrata esse Muzenza
Lamenta o viola, o médio quebra, racha meu Gunga
Esses segundos sem sua presença.

Preta...preta...preta!

Preta,
A dor é grande, a solidão é maior
O desalento da falta magoa
Escuta meu canto, pretinha, tem dó
Minha xula doída nos terreiros ecoa...

Preta...Preta...Preta...

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