Ando
faminto e mal dormido
Com fome
de tudo que sacia a alma
Com a
esperança depositada em copos e pratos vazios.
Não sou
só nos becos do mundo.
As
paredes há tempos testemunham meus gemidos
Indistinguíveis
entre o prazer e a dor do abandono.
Venho há anos
escondendo meus segredos
Rindo
entre fumaças e pessoas tóxicas
Enveredando-me
nos corpos sem calor
Fugindo
dos olhos da pessoa que devo ser.
E devo a
mim mesmo as minhas mazelas
Os choros
engolidos nas madrugadas
A
turbulência que meus pensamentos têm me causado.
Desde a
cama entre cinco
Tenho
dividido minha história e minha alma
Demais, e
em tantos pedaços
Que saí
para catar cada um deles e ainda não voltei pra casa.
Tenho
bons vizinhos, os quais nunca vi.
Sento-me
na calçada sob o sol para ouvir os ruídos da rua
É quase
tarde quando o Sol bate cartão no horizonte
Sua
jornada não inclui levar-me consigo, porém.
Fujo do
frio que me persegue em meu edredom
Mas não
há lugar para ir quando é a saudade que me visita.
Ademais,
são as pessoas distantes que me desconfortam
As que
não sabe estar sem serem falta
As que
são vazio onipresentemente.
Olhos
coloridos em meu caminho
Tive medo
de cair de cama um dia e estar sozinho
Entre
livros de Física Quântica e Astronomia...
Quanto as
poesias concretas e o mundo líquido de Bauman,
Meu corpo
diz que é preciso ter força para não se curvar.
Tenho
enxergado o mundo com o corpo prostrado
Pedindo
silêncio aos sons da cidade
Enquanto
abafo gritos desesperados nas minhas víceras.
Ainda faz
calor nas ruas em que nasci
E eu só
refrescava meu ventre nas águas de minha mãe.
Hoje,
longe dela, e de quem nessa terra me fez dormir tantas vezes
Olho-me
no espelho do passado
E vejo
passos firmes e retos tornarem-se vestígios, leves pegadas.
Não tenho
mais catorze anos há catorze anos
Deixei
minha idade para trás, trouxe comigo a juventude
E
livrar-me dela é como livrar-me de mim.
Descubro-me
na risada que dou e nos olhares carinhosos que recebo
São eles
minha força de vontade,
O sonho
bom que tenho e que me faz acordar
Para
reviver entre os homens maus, itens caros nas vitrines
E a
eterna saudade que fez cabana do meu interior.
A casa
dividida entre sete, hoje, parece imensa.
A casa
dividida entre nove outrora fez ser quem sou.
Daquela
casa que nos era o maior orgulho
Fiz
minhas melhores lembranças e a certeza de descanso
Dores e
desilusões, das quais dou risadas
Enquanto
caminho por ruas ainda esburacadas
No
coração financeiro do país.
Longe,
bem longe de lá eu vim buscar o meu destino
Mas quem
sai de casa não retorna, se um dia disse adeus...
Você é um gênio, homem! Lindeza de poesia!
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