segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Não existo nas coisas do mundo

Brilham em tom mais escuro além da noite
As raízes profundas me saltando da terra
São caules, são pés, são corpos a me sorrirem,
Tentam decifrar-me em palavras sem frases.
Meu tempo é ontem, disse-me do alto de suas rugas,
O a priori caducou, tornou-se passado
Minha ancestralidade grita, pede liberdade.

Sozinho em um quarto de seis paredes
Pela janela inexistente vejo o mundo irreal.
Sou nada além de um plagio de mim mesmo
Sou uma cópia tão barata
Que sou de mim quase nada original.

É quando os tombos constroem fortalezas
Que o presente a mim se mostra.
Tomando minha mão por outro corpo, minha mãe me disse,
Antes que qualquer cartomante, búzios ou tarô pudesse:
Seja um grande homem.
Hoje, cigarros baratos vendidos em saídas de bares
Cantores roucos e empresas falidas são o meu cenário.
Quantos são os clones em mimetismo social
Que seguem o mesmo roteiro que a margem do meu rio?

Não sou uma ode ao final feliz
Não quero possuir regras.
Dia após dia essa cadeira na qual me sento
Agiganta-se mais e mais
Draga-me em silêncio, enquanto diminuo
E estou amiudando até meus pensamentos libertos

Eu já não existo nas coisas do mundo
E nem nos corações de reis e rainhas
Telas e projetores não me terão estampados
Sou mesquinho a contar migalhas,
Elogios perdidos em gavetas empoeiradas
E sentenças prontas de autoajuda.
Meu tempo se foi numa ampulheta quebrada.



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