terça-feira, 26 de agosto de 2014

Carnívoro amor


Tanto fiz por fazer sem sentido
Que me sento hoje só, a pensar
Em estes tempos de lembranças, já idos
Minha confissão frente ao espelho:
“- Eu te amo! Eu te amo! E como te amo!”.

Mas não há verdade na mentira – processo de convencimento
Não conheço o amor e nunca o conheci – fato!
Tive um tesão que me saltava à pele
Trespassava meu corpo sem pedir licença
E todo o resto era gozo, gritos e volúpias,
Como se a minha essência fosse a cama,
O meu corpo fosse o corpo do outro
E o sexo a encarnação tardia da minha alma
Cada dia num corpo diferente,
Numa cama mais ou menos quente,
Num prazer mais ou menos inconsequente,
Usando corpos como peças de xadrez.

Eu sou o outro e nada mais.
Minha satisfação é o gozo alheio
Da mulher que geme e goza
E o seu esporro jorra sobre a minha carne quente
Como se fosse o meu corpo também o dela
E aquele instante de prazer infinito.
Eu preciso da vida agitada
A cama desarrumada feito os meus cabelos.
Eu preciso das pernas depiladas – minhas e delas
Do batom borrado nos lábios nossos
E dos arranhões nas minhas costas.
E cada marca de mordida é um troféu – e eu os coleciono todos!,
E quero para mim o que houver de melhor.

Que abuso, molestar corações!






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