Ainda moço se
afogou Francisco,
As mãos vazias,
abertas e agitadas
Sem os melhores
sonhos impossíveis.
Debatia-se.
Arranhava a água.
Estava doente.
Colérico, talvez.
A tez estava
vermelha como se ardesse,
Um belo contraste
com a água fria.
Um Rio. Pele
enrugada.
Morreu e estava só.
Um mar distante
guarda-lhe o corpo.
Lá no fundo, entre
os peixes e navios afundados.
Mas isso já foi há
tanto tempo,
Deve ter só ossos e
lembranças a essas horas.
Frio. Cadavérico.
Esquelético. Mãos ainda vazias.
Não dava nada a
ninguém.
Não pedia nada a
ninguém.
Não era injusto e
nem justo.
Era simples, pobre e
abastado e nobre.
Não era nada e nem
ninguém. Contraditório.
Tornou-se a pior
parte da história de alguém:
Passado.
Só o passado bom
traz saudades.
Saudades doem.
Saudades doem.
Passado ruim não
traz saudades. Por isso é ruim.
Por isso Chico
sofreu na morte.
A morte passa.
O corpo fica nalgum
lugar.
A memória fica.
Tornou o assoalho
marinho um prato.
Bebeu o mar como se
tivesse uma xícara.
E agora, finalmente,
tem a ciesta.
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