sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lasso amor vivente

Lasso amor vivente
Púdrido e aborrecente
Na vinha da manhã crescido,
Como nós, ainda jovem.

Muda, muda, muda
Ou transforma ou cresce.
E tudo em nós é menos ocre
Como um macio pão embolorado.
Verde-musgo, deteriorado
Tempo passa, leva a aurora
Rotos tempos de fantasia
Ainda somos nós nas fotos
Mas não nos vemos nos espelhos.

Não vês, Àurea,
Que amanhece hoje cinzento?
É pálido o sonho que tivemos
Mas não nos debruçamos sobre o verão
Esperamos a primavera
Sem regar nossos jardins.

Nascerão vulgares flores
Lírios liláses, esquálidas pétalas.
Porcas lembranças
Parcos lamentos cabisbaixos,
Assim, desvanecimentos frugais
Feito fome de algo novo e reluzente.

Quanto adjetivo para o amor!
Abra a porta, Áurea,
Veja-me ir embora.
Abra-me teus braços nesse acesso
A loucura nunca é bem vinda.
Mas todo louco é leve
E breve são os nossos suspiros.
Digo Adeus.













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