terça-feira, 17 de maio de 2016

Ainda me queres?

Ainda me queres?
Não me dás ouvido
E o não me ocorre…
O frio percorre
Da minha garganta
Ao meu ventre.

A porta estou aberto:
Entre(me)!
Invada minha nascente
Devolva-me à superfície
Do seu corpo
Ou às profundezas
Do seu seio farto.

Já que o tempo é tardio
Sinto-me velho, agora
Amando o nada de olhos
Fundos e doces
Pálpebras luzentes
Palavras virentes
Naturalmente carinhosas
Saindo de tua boca.

Delicio-me com o vazio
Tuas respostas inexistem
Mas no silêncio
No profundo do meu peito
Sinto-te, sinto que me olhas
E ainda me queres
E me ouves calada.

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