quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

O corpo do outro

A benção.
Há tempos não te falo
Das rusgas da escola
Da saudade do meu irmão
E das saudades que sinto,
Teus ouvidos estão cansados.

O mundo é calvo no mar
Suor que bate na costa
E escorre terra a dentro.
Sessenta porcento água
Sais minerais e microorganismos
Eu também sou um pedaço do mar
Que anda e corre, o mar me habita
Vez por outra em mim transborda.

Minha vida é opaca
Translúcido é o silêncio.
Calo meu pulso para melhor te ouvir
O conselho sincero: levanta-te e anda...
Vagabundo!
Lázaro chegou antes de mim.

Me flagro sendo um reflexo
Quantas Anas e Marias e Isabeis
Cabem num só espelho?
Posso não ser só eu o tempo todo
Mas preciso varrer a poeira
Do rastro que deixo
Ao dar festa no corpo dos outros.







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