sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Encontro


Me encontro comigo
Quando chego em casa
Me pergunto do meu dia
Me respondo confuso
Quase sempre me entendo.
Jantamos em silêncio
Pensamos tão parecidos
Me abraço e relevo meus erros
Atrasos, procrastinações
E me prometo: amanhã vai ser melhor.
Durmo comigo, de conchinha.
Eu que saí de casa e eu que cheguei.
Aprendemos tanto juntos que não compensa
Criar um clima hostil com alguém que luta tanto.
...Sento no chão desse banheiro compartilhado
A água quente cai sobre mim.
Penso se Vinícius e Goethe
já usaram banheiro compartilhado fora de casa
Fazer poesia é o mais simples dos atos burgueses
Pensar a palavra, deixar que nos molde
É água correndo no corpo às sete horas da manhã.
Poetas também passam fome
Poetas também passam sede
Eu passo todos os dias pelas mesmas ruas
Cumprimento o motorista do meu ônibus
Tiro um cochilo antes de chegar ao meu destino
Quase todos os dias já sorri antes das oito
E sorriso é como poesia: tem nada a ver com dinheiro.
Tem a ver comigo, com as palavras que me escolhem
Que me deixam pensar no que vejo
Eu parnasianaria palavras mas as deixo livres

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