quinta-feira, 9 de abril de 2020

Olhos bobos



O que eu posso dar a mim senão a chance de ver teus olhos bobos
A me olharem todos os dias pela manhã e ao anoitecer?
Toda a riqueza do mundo moraria em mim
Se uma palavra da minha boca, saindo distraída
Esbarrace em teus lábios e te abrissem um sorriso...
E quais ouvidos poderiam ouvir tão atentamente
Minhas histórias dos dias mornos, dias pacatos
Em que compro pão, em que vejo Tevê ou volto do trabalho aborrecido?

(Os planos que fazemos nesses dias que escurecem de repente...
Os papéis de parede que escolhemos sem acordo
Os nomes que daremos a tudo que nascer de nós
Os beijos de despedida antes de despertarmos…)

Renego os olhos que me olham torto, os que me olham e não me vêem, os que me olham e me desejam mas não são os teus.

São os barcos que se movem, as ilhas permanecem
Algumas, com o tempo o mar encobre
Outras estão sempre ali, a nos ofertar um porto seguro
A nos tirar da boca um suspiro de alívio
A nos trazer o som das gaivotas
A nos brincar com um horizonte mais que azul.


Quem é marinheiro, como eu sou
Se aventura em mares revoltos
Apreciam um mar quieto, águas tranquilas
Não têm dúvidas sobre a importância das ondas para aperfeiçoar o marinheiro.
Mas o mar não tem cabelos e navegar demais cansa
Por isso é bom ter terra firme, saber onde se deixa o navio
Ter o prazer de poder apreciar, da praia, o mar.

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