quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Eternidade

Quis escrever sobre o silêncio,
Mas havia som nas praças e nas ruas,
Quis fugir a pé, em pensamento,
Entre um gole d'água e as pernas tuas,
Sou eu a sofrer em fevereiro,
Sem colo, em colápso, desespero,
O horizonte que some no cinza longínquo,
Onde o Sol iluminando se esvai,
Enfim, da vida vivida em cada esquina,
Quem sabe é o verso, sobre o éter do passado...,
E quem sou eu, penso sozinho,
Se não tenho a ti aqui ao meu lado?,
Você ficou, eu parti sozinho,
Você voltou, aqui fiquei eu,
Mais duas pegadas na areia da praia,
Mais noites vazias de risos e farras,
Mais corpos vazios pra eu encher de volúpia,
Nas horas que passam, no tic e tac,
Reflito no quarto sozinho e em paz,
Com toda a azul calma que o mar me traz:
Todos passam, todos passarão,
Mas minha alma é eterna no tempo!

Um comentário:

  1. Hoje já senti o texto de outra forma...Senti uma devoção bonita, uma sede que só pode ser matada por uma pessoa, por mais que outras tenham aparecido com essa finalidade... E essa pessoa não está... Enfim... Só empaquei em "Mas minha alma é eterna no tempo", não consegui conectar com o restante do texto.

    Olha ai que bonito:

    "Com as outras mulheres ele nunca dormia. {…} Portanto, qual não foi sua surpresa quando acordou com Tereza segurando firmemente sua mão! Olhou-a e custou a compreender o que estava acontecendo. Evocou as horas que tinham se passado e acreditou respirar o perfume de uma felicidade desconhecida. {…} Tomas pensava: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes, mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)”.
    Milan Kundera in A Insustentável Leveza do Ser

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