segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mudanças


(1)

Há silêncio nas praças,
No céu, aves caladas,
Não há grito nas feiras,
Nem louvor nas Igrejas.
Há um torpor nas esquinas,
Carros passam, sem o som das buzinas...
Só há um deserto de vácuo,
Dentro das salas, nos pátios.
Não ouço o som da minha voz,
Já deixei de ser feroz,
Não posso mais ser tão galante...
Nem recitar versos elegantes.
Eu tenho um mundo dentro do Universo,
E ele está se desfazendo...


(2) 

Hoje são poucos os heróis,
Os que escreviam, esqueceram quem é o algoz,
Que não mais usa capuz porém uma farda,
Ou que governa em meio à farsa.
Sou parte dessa massa oprimida,
O homem ou a mulher da vida,
Vida que é difícil, é batalha,
Sou eu quem move essa fábrica,
O acordar das flores na primavera,
A força que os vulcões encerram.


(3)

Os rebentos das ruas cresceram,
Mas continuam nas mesmas calçadas,
Enquanto passamos desviando o caminho,
Ziguezagueando entre os corpos estirados no chão,
De mãos erguidas na mendicância,
E nos dizemos mais evoluídos,
Ricos...Ninguém come papel e dígito...
Ninguém é melhor que ninguém.


(4) 

Deram-me conhecimento,
Mandaram-me para a escola,
E depois de adulto aprendi,
Que o conhecimento é uma arma.
E agora enxergo o que eles queriam,
Que eu abaixasse a cabeça,
Trabalhasse com toda a minha força,
Ganhasse dinheiro explorando meus iguais,
Assim, perderia a minha identidade,
Esqueceria que vim de onde se vem um homem:
Das vitórias e dificuldades.
Morreria sem viver o sonho que sonhei ainda criança,
O sonho de lutar, não pelo que é impossível,
Mas pela dignidade dos que ao meu lado estão,
No frio ou no calor, à noite ou de dia,
Não há diferenças a vencer,
Só há uma força contrária,
Chamada de egoísmo e orgulho,
Que nos faz olhar cada vez mais para dentro de nós,
E esquecer que podemos mudar a realidade,
Que nada nos calará quando a garganta vibrar,
Ao tremor das cordas vocais que se exitam,
Ao conclamar os dispostos a realizar a mudança,
Que não nascerá de um líder,
Mas sim de uma necessidade.












2 comentários:

  1. Cada estrofe tem seu peso e sua beleza, mas não entendi a estrutura do seu texto... E como essas estrofes se conectam... Proposital? Não tem que ter essa conexão mesmo? Devaneios de um amargurado com essas situações de merdas bem desnecessárias, mas que parecem estar grudada com super bonder no cenário da nossa vida?! Ai ai...

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  2. Não...só escrevi sem preocupação de amarrar ou fazer qualquer conexão lógica...talvez isso faça falta...mas não sinto isso, pelo menos não ainda. Por isso dei numero as estrofes, para torná-las independentes...rsrs.

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