quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Auto retrato

Seus olhares não são mais os mesmos,
Sua voz já não é mais a mesma,
Seu andar mudou de um tanto,
Seu silêncio me causa espanto,
Seu jeito me censurou.

As palavras soam diferente,
Quando ditas assim comumente,
Tem algo estranho em você,
Ao certo, não sei nem dizer,
Mas parece que algo mudou.

Mudaram a cor do seu rosto,
Com lágrimas brancas sem gosto,
E cheiro de algo ruim.
Suas mãos tremem sem frio,
No mesmo corpo vazio,
Que conta os dias pro fim.

Vontade lhe falta em demasia,
Há noites sem ver a cor do dia,
Suas palavras  e sua fisionomia,
Ouvintes da sua agonia,
As tardes de pura alegria,
Nas lembranças descansam em paz.

A primavera já veio e se foi,
A quem você irá contar os seus feitos?,
Olhe à frente e veja os espelhos,
Onde estão seus amigos fiés?,
Do outro lado? Não, você está sozinho!,
Das suas Rosas sobraram os espinhos,
Com os quais terá de conviver.

Agora que os ouvidos estão feridos,
Sua voz se cala em tristeza,
É tarde demais pra reparar os erros,
Ainda há tempo pra mudar o seu jeito,
Mas nada vai mudar o que foi dito,
A ignorância, a arrogância, o estilo,
De machucar pra se desculpar depois.

Perdido, se encontra em defeitos,
Seu choro é sincero em silêncio,
As horas passam sem você,
Não há tempo para um final feliz,
Irá morrer sozinho no inverno,
Pro frio recobrar suas lembranças,
E perceber que viver pra si mesmo,
É não saber nem tentar viver.

4 comentários:

  1. Ahhh o arrependimento... E não tem como ser diferente, não tem como rascunhar a vida.

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  2. "Torturava-se com recriminações, mas terminou por se convencer de que era no fundo normal que não soubesse o que queria: nunca se pode saber aquilo que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.
    Seria melhor ficar com Tereza ou continuar sozinho?
    Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem reparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é um esboço de nada, é um esboço sem quadro.
    Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida é como não viver nunca."

    De onde veio isso, tem muito mais. Sério, tenta lê isso. Quando for ler mesmo me avisa, te empresto o livro.
    To lendo pela segunda vez, e é mágico. Tá até rabiscadinho seu nome, eu lembrei muito desse poema seu quando li!

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  3. mmmmm...Degustei cada palavra! Quero ler esse livro...o estilo de escrita é legal...yep!

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