sábado, 14 de janeiro de 2012

Nossos dias

Uma tempestade se aproxima,
Enxergo longe e olho o tempo,
Há anos, esperamos por algo,
Há anos, perdemos a esperança,
Se foram os tempos de tortura,
De lá pra cá muito mudou,
Houve calmaria? Talvez não,
Lembra quando a ditadura se instaurou?
Nesse meio tempo mudamos a economia,
Nesse exato momento, não sei mais quem sou,
Mudamos quem nos escraviza,
Mas as estrelas no céu continuam as mesmas,
Às vezes as brumas das manhãs saem cedo,
Às vezes o vento está mais calmo,
Entre crises e compras fúteis,
Caminhamos, passo a passo,
Movimentamos a máquina,
Cédula por cédula, gastamos vidas,
Ganhamos em suor e sangue,
O nosso salário, nossa vida,
E rimos da nossa desgraça,
Pois é pior pensar nos motivos,
Seguindo sempre na ignorância,
Pois ninguém mesmo vai lembrar disso.






2 comentários:

  1. Engajado, crítico, poético... Não vou citar Emicida de novo, mas caberia.rs
    Enfim... Rir da desgraça é uma boa utilidade pra ela quando não há mais nada a ser feito.

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  2. "Frio é habitual, saudade? Mais que normal
    Solidão virou segurança, medo virou natural
    "Internet, rádio, MP3,4,5,6
    Talvez tenha poder, mas não aproximou vocês
    Ao entender, sem sentir, cês vão ver no fundo
    Cada janela que se abre, é uma porta a menos pro
    mundo" - Emicida, Intro(é necessário voltar ao começo), 2009

    O cara é muito bom!

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