quinta-feira, 12 de março de 2015

Celeste

Paisagem irreal em meu caminho
A sombra dos dias deitada em fulgura
Tão belas que foram as horas das tardes
Em que juntos caminhávamos pelos bosques...
Passado o calor que nos molhou a fronte
Uma despedida cortez, olhares curiosos
Eu olhava para trás, você também
Receosos da distância que se aproximava calmamente
E o alcance das mãos pequeno se fazendo.

Melhores lembranças, nos melhores dias
Dias em que os céus nos permitiram uma olhadela
Através das portas que a nós se abriram
E o Paraíso à nossa frente se mostrara.
Senti-a viva em todas as vezes que sorrira
Mais que você vivi eu,finalmente,
Na primavera dos meus anos de vida
Quando tive a certeza de que as estrelas nos beijam
Todas as vezes que as olhamos a fazer um pedido.

Paisagem irreal em meu caminho
A lua nova desejava-me nova vida
A grama esverdeada balouçava num verde profundo
Ao sabor da brisa que nos refrescava.
Eu fui até o último centímetro que pude contigo
Em sua doce companhia, lado a lado
Degunstando cada uma daquelas horas
E por mais que eu tenha pensado anteriormente
Que a vida nada além de tristeza me pudesse trazer
De repente, os anjos ma trouxeram, como em meus sonhos
Cândida, envolta na moldura celeste
Pintura celestial que os meus olhos acalma
E os meus sentidos apaziguou.

Manhã que se apresenta nas primeiras fagulhas helíacas
Traga-me de novo o beijo doce daquela visão
Que a luz refretida na face erbúrea ma trás!
Sorvi-a e vi-me inteiro, novamente,
Em cada palavra que perfazia-me os ouvidos
Saidas dos seus rubros lábios.

Pouco a pouco vi que me tomava
O desejo de passar outras tardes ao seu lado
E que caminhar já não seria o suficiente.
Qui-la em minha essência, parte minha indissociável
Como se teu azul fosse o azul do céu
E o meu azul fosse o azul do mar
E no horizonte em que nos encontramos
Somente as estrelas nos entenderiam
E cada lágrima que um dia derramamos
Fosse nesse instante, elevar-nos
Da terra ao mar, do mar aos céus
E do meu peito aos teus abraços.

(São palavras tudo o que possuo
E imagens que perpassam-me num vulto
A sossobrarem minhas vontades
Permeiam aquilo que chamei de planos
E desfiz o que antes me parecia real
Como se mais real se fizera
A ilusão que os bosques me ofereceram
E as nuvem que nos molhavam de volúpia
Em cada lufada do seu hálito sobre o meu
Toda vez que relembro os nossos dias.)

Vibrara minha alma com a sua chegada.
A aurora que tingia a abóboda celestre enrubesceu-me
O amado dilúculo me beijou a fronte
E pareceu que era o teu carmim sobre a minha boca
Num ósculo que adormeceria os meus tormentos.
Fora sonho, tudo além da sua chegada
Paisagem que o horizonte dobra para ver passar
Linha tênue entre o meu infortúnio e o meu júbilo.

(Toda página em branco esconde um nome
E uma história a ser contada ainda
Possuo um livro em que você figura
Em todas as páginas desde a primeira
Desde o primeiro instante que a vi distraída
Sentada ao ar livre, feito um jarro de flor.)

E nomeei paixão a tudo o que em minha vida tomava forma
Amei sua silhueta como se fosse uma imagem
Que o mais nobre templo me concedera.
Divina! Celeste! Como senti-me um sacristão em sua presença
Mas em meu corpo humano batizado em pecados
Habita a carne que a pureza dos tronos consome
E a torna a mim a mais desejada das humanas
Pois habito em ti como um frágil silêncio
Em teu corpo sublime, no qual até a sombra reluz.

Pensei que os anjos só habitassem os céus.
A vez primeira que a terra fez-se sublime
Nessa visão que a redenção nos oferece
Poucos momentos a deparar-me com o universo
A obra divina de mãos macias, olhar tímido
Sorriso acanhado, melodia visual
Um amálgama de cores que cintilam
Em meus olhos e bruxuleam
Feito a luz das estrelas mais distantes
Feito os sonhos que moram no infinito
E que só os Deuses mo trazer poderia.

Por isso, entrego aos Deuses que ma concederam,
Todos os segredos que escondo de mim.
Os medos que tenho dessa solidão
Que habita a sua ausência, sua despedida.
Entrego-me, como um réu confesso,
O qual cometera o crime de amar emudecido
E morrer em cada segundo ante ao dissabor
De ter no peito mais do que se pode carregar
A vida humana em forma de amor.

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