terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mar bravio

Mar bravio à espreita
À direita do Forte à direita.
Quebra o silêncio o escuro marulho,
Quebram as ondas na pedra da baleia.

Quem acena da praia vê-me sentado
Não entende a distância que tenho do mar
No meu olhar – também marulhado -,
Sofro em silêncio, te espero voltar.

Não ouço as ondas que choram saudade
Nem as pedras, nem a areia, nem as águas...
Ouço o lamento em todo o canto da cidade
A ecoar no meu peito fervente de mágoas.

Muitas vozes ainda lembram teu nome
Nas ruas que caminhava, na velha mansarda...
Meu peito reclama um grito que me consome
Passados os anos, a falta não passa por nada.

E embora não tenhamos tido os melhores dias
A casa é vazia e piora em abril
Ter nascido irmão e merecer tal companhia
Ter sorrido e ter chorado, de muito me serviu.

São meus olhos que não enganam o tempo
E revisitam as pedras que te viam partir
Não demores nesse teu contratempo
Sei que, do outro lado da margem, continuas a sorrir...

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