segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Que selem o burro para eu ir embora

Que selem o burro para eu ir embora
E dispenso carro, ônibus ou avião
Tudo está, hoje em dia, muito caro
Para um pobre cidadão.
Não quero pagar lucro às empresas
Nem impostos ao governo
Quero poder ir onde eu quiser
Quando eu quiser e de graça.
Vou-me embora para a mata
Onde há água boa e ar fresco
A mata é virgem e cheirosa
E os computadores, lá, não existem.
Não há câmeras de segurança,
Lá aonde eu quero ir
Não há cobrança de bancos
Nem cartões chegando em casa sem eu pedir.
Vou pra longe das mentiras humanas
E para perto dos outros animais como eu
Bichos ferozes que vivem, apenas,
Comem e dormem e trepam e correm
Brincando com o tempo
Socialmente organizados
Na forma de animais livres.

Que selem meu burro pequenino
Pois carregarei pouca coisa
Vou com a roupa do corpo e uma malinha
Com meus remédios, sonhos e umas mudas de roupas.
Vou depressa pois tenho medo
Da política desse país
Vou por quê eu, aqui, há anos
Tenho me sentido infeliz.
Pobres, negros e homossexuais
São apenas pessoas lá para onde eu irei
Lá é quase como Pasárgada
Mas lá não existem reis.

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