quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Toma


Toma
Toma aqui os seus trapos
Suas sujeiras
Suas manias de grandeza
Sua algazarra na vida alheia.
Quer ir embora que vá
Dentro de mim
De camisa desabotoada
Cadarço do tênis desamarrado
Mãos enrugadas do banho
Olhos cheios de certeza
Braços preguiçosos
Sonhos esmorecidos
Carteira cheia de tristeza
Boca sem palavras
Cabeça sem ideias
Pele nua, enrijecida
Pés descalços sobre o sofá
Nariz que não sente o meu perfume
Íris que não me ve
Não, você não habitará.

Ainda tenho sonhos grandiosos
De andar a cavalo num campo verde
Sentir o frio dos alpes no meu rosto
Voltar às paisagens que amei um dia
Matar um a um todos os meus inimigos
E correr pela rua, gritando
Na plenitude de ser livre
Pois liberdade é o ócio sublime
A mãe das criações mais severas
Que geram filhos tranquilos
E aquietam mentes intranquilas.

Se você quiser, egoista,
Acabar com as minhas pretenções
Ressuscite, oras
Não vou catar os seus pedaços pelo chão!
Estarei na espreita
Quando estiver de saida
Deixe a chave por baixo da porta
Não avisa que esta saindo
E nem me faça promessa
De vingança, pois sou sensível,
E posso não resistir à uma gargalhada.

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